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Boletim Letras 360º #611

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DO EDITOR   Olá, leitores! Este foi o primeiro ano desde quando iniciamos nossas apostas em vocês para a manutenção do domínio e hospedagem online do Letras que conseguimos custear essas despesas sem a realização de sorteios pagos e apenas com o que levantamos de receita nas vendas através do nosso link na Amazon.  O registro da informação é para acrescentar duas coisinhas: a primeira delas é agradecer a cada um que alguma vez considerou nos ajudar ao realizar sua compra utilizando o  nosso link. E a segunda é se for aproveitar ainda qualquer oferta nessa semana de Black Friday, pense em nós. O nosso link é este .  Em nossa conta no Twitter organizamos um fio com dicas de ofertas em livros — passem por lá. Uma curtida, uma partilha ou quem sabe ainda encontra o presente para você e seus amigos neste final de ano, enfim, todo gesto, pequeno que seja, é ajuda ao nosso trabalho. Ariano Suassuna. Foto: Leonardo Colosso       LANÇAMENTOS   A poesia completa de Ariano Suassuna aparece em l

Um por todos, todos por um! Quem por Dumas?

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Por Henrique Ruy S. San tos Alexandre Dumas. Foto: Félix Nadar   Alexandre Dumas pai é um dos casos mais paradigmáticos de escritor de alta produtividade, daqueles cuja quantidade de obras escritas, entre peças de teatro, ensaios, romances e novelas, é o suficiente para causar assombro pela simples força bruta de sua capacidade imaginativa. Penso, como outro exemplo, no caso de Georges Simenon, escritor francês que, segundo ele mesmo dizia, escrevia um romance a cada 10 dias, sete dias para o esboço inicial e mais três para revisão, acumulando, ao final da vida, um total de quase 400 romances escritos, sem contar biografias e livros de memórias, um feito verdadeiramente surpreendente, independentemente do valor qualitativo das obras.   No caso de Dumas, embora não seja assim tão fecundo, trata-se de um autor que foi um profissional assíduo das letras. Após obter sucesso com peças teatrais nas primeiras décadas do século XIX na França, Dumas ingressou no ramo dos romances de folhetim se

A extensa sombra de um clássico

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Por Rodolfo Biscia Entre o pleno ser e o puro nada, que tipo de entidade é uma sombra? A essa pergunta platônica, Adelbert von Chamisso respondeu com uma fábula de moral imprecisa. Mercadoria intangível, quanto vale a sombra? Muito pouco, uma nulidade? Uma coisa parece clara: seu preço aumenta quando começamos a sentir a sua falta. Suplemento à nossa identidade, revela-se como predicado essencial assim que desaparece. Logo percebemos que a metafísica não era estranha a este escritor franco-alemão. Isto é demonstrado pelo pequeno romance magistral que publicou em 1814 e é confirmado pelos versos que o precedem.   Desde o primeiro capítulo, a história de Peter Schlemihl combina realismo burguês e uma imprevisibilidade fantástica. Chegando não se sabe de onde, o personagem desembarca em Hamburgo. Participa de uma reunião da abastada sociedade. Ali, um velho vestido de cinza, pouco demoníaco e bastante cortês, fornece magicamente os objetos de que essas figuras venais precisam. Do bolso da

Walter Salles esqueceu de comprar a televisão

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Por Renildo Rene   Walter Salles revelou seu olhar vertiginoso sobre o nosso cenário político, mas esqueceu de encenar a compra da televisão realizada por Eunice Paiva, no início deste milênio, que confirmaria certas dimensões para pensar o ideal brasileiro pós 88. No novo filme do diretor, visitamos a família de Marcelo Rubens Paiva, em uma estrutura linear bem definida de tempo e espaço, após o seu desaparecimento orquestrado por militares brasileiros na década de 70.   Já na cena inicial, os créditos indicam a data e o contexto dos eventos que o espectador irá vislumbrar. Em seguida, uma restauração imagética da residência sempre bem ocupada por familiares, amigos e objetos que encenam a cultura popular daqueles anos. Veroca, Nalu, Eliana, Babiu e Cacareco, os filhos de Marcelo com Eunice, ganham presença por meio dessa vertigem da câmera de ocupar diferentes posições, movimentos, tamanhos, para ilustrar os dias como a união de muita gente, e com a felicidade que os une prestes a se

Marginália para Maria Gabriela Llansol

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Por Eduardo Galeno     “‘Vinde ler’ – diz Ana aos objectos…” M. G. Llansol, Um beijo dado mais tarde   “Idade Média: quando ler um texto era comentá-lo…” M. G. Llansol, Herbais, 26 de julho, 1981 Llansol em Herbais, Bélgica     Em Llansol, a poesia está em constante conversa com a prosa. Mas não chega a ser hibridismo. Não sei do que se trata propriamente, mas existe. A poesia como derramamento generalizado, não misto. Não forma, mas pureza. Os gêneros se fundem dentro do que ela coloca no estilo (no que ele conduz de completamente sinestésico, mas (i)limitado pela geometria, por um pensamento de corpo lógico ).   Spinoza diz, na parte XXXII das definições das afecções de sua Ética , sobre o desejo: enquanto desiderium :   “O desejo frustrado é o desejo ou apetite de possuir uma coisa, desejo que é mantido pela recordação dessa coisa e, ao mesmo tempo, entravado pela recordação de outras coisas que excluem a existência da coisa desejada.”   Nessas palavras, se o que tem de significat

Antonin Artaud e o “Bluff surrealista”

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Por Ricardo Echávarri Antonin Artaud. Foto: Man Ray. Quando for reescrita a história do Surrealismo — a vanguarda mais ousada e transcendente do século XX —, na sua parábola, deverão ser apontados os seus Hileg ou pontos axiais, de que falava Paracelso: aquelas adesões entusiásticas ou despedidas abruptas ao único ismo (herdeiro do “sol negro” do Romantismo) que se postulou como algo além do mero campo artístico, e levantou a bandeira da poesia, do amor e da liberdade, quase como uma nova concepção de vida.   Antonin Artaud ingressou no Círculo Surrealista em 1924, tendo acabado de publicar seu livro de poemas Tric Trac du Ciel . Dirigiu a Oficina de Pesquisa Surrealista e criou o Teatro Alfred Jarry, em homenagem ao inventor da Patafísica (ou “ciência das soluções imaginárias”) e grande inovador cênico. A passagem de Artaud pelo Círculo, apesar de brilhante, foi suficiente para delinear uma era civilizacional baseada no surrealismo: uma nova ordem passional que recuperaria para o hom