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Sete poemas de “Animal de bosque” (2021), de Joan Margarit

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Por Pedro Belo Clara Joan Margarit. Foto: JM Website     OS DOIS NEVÕES   Vendo nevar tanto em todo o lado, sem sairmos de casa, tu e eu lembrámos a neve onde encontrámos o nosso amor. Ainda mal nos conhecíamos e passámos o dia até de madrugada a passear pelas ruas iluminadas por uma branca luz, cálida e fria. E descobrimos uma nova intimidade pelos dois até então desconhecida. A tua mão, enluvada na minha, tinha começado a salvar-me a vida. Passaram já sessenta anos, luminosos e escuros: mesmo nos mais duros sentimos o calor dessas ruas nevadas. Neste último também, quando, debilitado pelo linfoma e pela químio que não me cura, com o mesmo sorriso, e ao meu lado, me ajudaste a compor estes poemas. Ofereço-tos agora. Este é para mim um dos anos mais felizes da minha vida.     MUSEUS   Sempre me aborreceu e me cansou observar os retábulos de igrejas, quadros representando cenas bíblicas, monarcas a cavalo, luxuosas vestes onde o pintor se exibe em cada pre...