O abismo de São Sebastião, de Mark Haber

Por Pedro Fernandes Mark Haber. Foto: Nina Subin Mark Haber se mostra com O abismo de São Sebastião um escritor fascinante devido sua capacidade inventiva de forjar todo um universo no interior daquele que já conhecemos fazendo da ficção não uma extensão da realidade, como é recorrente na literatura, mas uma realidade autônoma porque crível e sustentável pela sua própria estrutura. Essa qualidade é alcançada pela maneira sutil de se infiltrar na ordem histórica como conhecemos, sem o interesse de desarticulá-la, mas de mostrar como suas engrenagens, fruto das relações humanas, se organizam e constituem o que percebemos com o valor de verdade. O entrecho narrativo é simples, mas não as possibilidades de leitura, sempre a depender de como o leitor se inicia no texto ou dele coloca em evidência certos extratos de acontecimentos. Trata-se do convívio entre dois críticos de arte unidos, separados e talvez reunidos, em torno de um interesse obsessivo: uma tela de aproximadamente trint...