Verdades às gargalhadas: a sátira aguda de Zóschenko

Por Rafael Bonavina Mikhail Zóschenko. Foto: V. Presniakov Ao longo de toda a história da literatura russa moderna, e inclui-se aqui também a soviética, a censura foi uma desagradável e permanente instituição da vida literária. Em alguns momentos, claro, os atentos olhos dos censores fizeram vista grossa para alguns excessos e para as críticas feitas nas obras publicadas. Já em outros, a censura parecia a espada de Dâmocles, sempre pronta a cair sobre algum desavisado, e até mesmo um avisado, mas inconveniente. Apesar desses breves momentos de respiro nessa longa história de mordaças, a sátira sempre esteve sob estrita vigilância, pois esse tipo textual é capaz de incomodar profundamente os defensores de pensamentos totalitários com sua cáustica derrisão. Além disso, quando habilidosos, os satíricos conseguem trazer à tona as contradições da sociedade por meio de coisas do cotidiano. Uma conversa no trem, uma reunião de colegas, uma visita desagradável… todos esses são excel...