Larraín com sua Maria Callas, um ventríloquo a mais do streaming

Por Alonso Díaz de la Vega Parece que cada novo filme do diretor chileno Pablo Larraín é uma tentativa de negar a si mesmo. Se compararmos a montagem dos seus filmes de há uma década, mais ou menos — Neruda e Jackie (2016), Ema (2019) —, com a dos mais recentes — concretamente O conde (2023) e Maria Callas (2024) —, poderemos assistir à dolorosa extinção de uma individualidade em ascensão, formada por imagens incoerentes como a consciência, e por uma narrativa difusa que dava mais interesse à sensação do que à história. Em seu lugar surge um estilo cada vez mais claro — para não dizer óbvio —, melodramático e mecânico. Larraín não foi um dos grandes cineastas contemporâneos em seu auge, mas naqueles filmes ele demonstrou o potencial de se refinar até se tornar um, apesar de excentricidades como seu olhar ansioso em um filme de libertação feminina ( Ema ) ou a expressão frequentemente grotesca de abuso infantil dentro da igreja católica em O clube (2015). Aquele Larraín mais livre...