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Mostrando postagens de janeiro 10, 2025

Elogio da fotocópia

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Por Alejandro Zambra Jess Allen (detalhe).   Ensaios de Roland Barthes sublinhados com marca-textos fosforescentes, poemas grampeados de Carlos de Rokha ou de Enrique Lihn, romances espiralados ou precariamente encadernados de Witold Gombrowicz, de Clarice Lispector: é bom recordar que aprendemos a ler com essas fotocópias que esperávamos impacientes, fumando, do outro lado da janelinha. Umas máquinas enormes e incansáveis nos ofereciam, por poucos pesos, a literatura que queríamos. Líamos esses feixes mornos e logo os guardávamos nas prateleiras como se fossem livros. Pois é isso que eram para nós: livros. Livros queridos e escassos. Livros importantes.   Lembro-me de um companheiro que fotocopiou Guerra e paz , trinta páginas por semana, e de uma amiga que comprava resmas de papel azul-celeste, pois, segundo ela, dessa forma a impressão saia melhor. De minha parte, a maior joia bibliográfica que tenho é um exemplar peregrino de La nueva novela [O novo romance], o inimitável...