Postagens

Mostrando postagens de abril, 2025

Mickey 17: excêntrico, multipolar e sobrecarregado

Imagem
Por Alonso Díaz de La Vega Em uma circunstância extraordinária, me senti forçado a assistir a  Mickey 17 (2025) uma segunda vez para escrever sobre o filme. Minha primeira impressão não foi de uma película incompreensível ou difícil, mas apenas sobrecarregada e, portanto, confusa. Ao longo de quase 140 minutos, pelo menos 30 são dedicados a explicar um mundo que depois desaparece da tela: Mickey Barnes (Robert Pattinson), um “dispensável” — como são chamados em 2054 os trabalhadores de alto risco dispostos a serem clonados com a memória intacta — nos conta nesta meia hora os muitos detalhes de sua vida, suas decisões e seu contexto. Na verdade, o título do filme aparece em vinte minutos depois de ouvirmos como Mickey e seu amigo Timo (Steven Yeun) se envolvem com um agiota que empresta pelo prazer de cortar com uma serra os que não lhe pagam; como o fracasso deles com uma loja de macarrão os obriga a fugir para o espaço, e como Mickey, que não possui habilidades nem muita int...

Selma Lagerlöf, a ficção como uma forma de espiritualidade

Imagem
Por Elena Enríquez Fuentes Selma Lagerlöff em cena de documentário dirigido por Gardar Sahlberg. Quem nunca se deparou com uma situação sem saída? A garganta fica obstruída, o estômago grita, os olhos lacrimejam, as mãos se fecham em punhos, a vulnerabilidade é dor corporal. Selma Lagerlöf diz, através da voz de uma de suas personagens: “O ser humano é mais forte do que acredita e mais frágil do que imagina.” À medida que mergulhamos na biografia e na obra dessa escritora, percebemos profundas conexões entre ficção, fantasia e experiência de vida.   Lagerlöf nos lança um feitiço e, por meio de sua magia, convida-nos à transformação. Todos nós sabemos sobre perdas, mas as mulheres, os homens, as crianças e os animais na sua obra usam o sofrimento como uma maneira de expandir os limites corporais, ampliarem a consciência, tornarem-se mais sensíveis, perceberem mais e melhor estar abertos à compreensão.   Talvez as maiores paixões da escritora sueca fossem escrever e sua te...