De João Cabral de Melo Neto
para Alberto de Serpa.
Correspondência Inédita e anotada.
Alberto de Serpa e João Cabral de Melo Neto: O cavalo de todas as cores contém
a correspondência entre esses dois nomes em destaque. As missivas datadas de
1949 a 1950, perfazendo um total de 51 dos 60 documentos, tratam centralmente
da organização da revista
O cavalo de todas as cores, que conheceu
apenas um único número. Essa correspondência, que vem a público com notas,
textos de apresentação dos organizadores Solange Fiuza e Arnaldo Saraiva e um
fac-símile da revista, permite acompanhar a “cozinha” do número publicado e os
planos para números que não se concretizaram. Também constituem fontes
importantes à compreensão do posicionamento estético e ético de cada poeta, o
qual tem implicações nas escolhas dos textos a saírem na revista e, ainda, no
caso de Cabral, concorre para esclarecer melhor a abertura explícita de sua
obra, nos anos 1950, à representação crítica e criativa de uma dada realidade
social e regional. Além disso, as cartas e a revista são registros de um
importante diálogo entre os dois poetas e de um tempo de fecunda interlocução
entre Brasil e Portugal. Publicação da Ateliê Editorial.
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Publica-se a reunião de textos
inéditos em livro de Antonio Candido dedicados ao teatro.
Organizado e apresentado por João
Roberto Faria
Sobre teatro é fruto do interesse do pesquisador pelo
grupo da revista
Clima, criada em 1941 a partir do qual encontrou alguns
dos poucos registros de Antonio Candido dedicados ao teatro; na revista, a
crítica sobre teatro era conduzida por Décio de Almeida de Prado. O livro reúne
dezessete textos esparsos, entre prefácios, críticas, rememorações e uma carta
para Mário de Andrade sobre o libreto de ópera
Café, do autor de
Macunaíma.
Assina o posfácio Celso Lafer. O livro saiu pela editora Ouro sobre Azul.
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Livro gestado entre os diálogos
mantidos entre Marguerite Duras e o amigo Jérôme Beaujour.
A vida material inaugura
uma forma de literatura. Um falar escrito. O livro nasce de conversas de
Marguerite Duras com seu amigo Jérôme Beaujour, com quem ela se sente à vontade
para evocar os temas mais íntimos da sua vida e os mais banais. Depois, Duras
retrabalhou todo o material como texto literário, ao seu estilo, um gênero
próprio, de difícil definição. “Como falar do eu e do mundo e do eu que habita
esse mundo sem passar por um gênero como o diário íntimo ou a autobiografia.
Com este texto, Duras deu um novo
status à palavra e ao que significa
falar”, destaca Laure Adler, biógrafa da escritora, na apresentação inédita que
fez para a edição brasileira. Lançado em 1987, poucos anos após ganhar o prêmio
Goncourt por
O amante, portanto em um momento de grande sucesso e de
maturidade,
A vida material ganhou um lugar de destaque em meio à
produção literária da autora ao apresentar algumas peças-chave desse
quebra-cabeça fascinante que é a obra de Marguerite Duras. Tradução Tatiane
França; apresentação Laure Adler. Publicação Bazar do Tempo.
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A Martelo Casa Editorial reúne
numa caixa com três livros com a poesia completa de Maria do Carmo Ferreira.
Nascida em Cataguases (MG), em 21
de dezembro de 1938, apreciada por nomes como Augusto de Campos, Décio
Pignatari e Sebastião Nunes, e restrita ao conhecimento de pouquíssimos
leitores, pela primeira vez a poesia de Maria do Carmo Ferreira é publicada em
livro. Sua
Poesia reunida, organizada por Fabrício Marques e Silvana
Guimarães, traz 231 poemas distribuídos em três livros:
Cave Carmen,
Coram
populo (livro dois) e
Quantum satis. A trilogia inclui posfácio de
Silvana Guimarães apresentando a poeta, uma das raras entrevistas por ela
concedidas (a Fabrício Marques) e uma pequena (mas de muito peso) recepção
crítica prévia. A publicação integra a Coleção Cabeça de poeta: série
contemporânea, que traz um pouco da melhor produção poética no Brasil.
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O novo livro do poeta Leonardo
Gandolfi.
O que realmente acontece quando
lemos um poema? Se, por um lado, o leitor segue de perto os desenhos que a voz
do poeta traça no retângulo do papel, por outro, ele também mira as figuras que
essa voz desenha num outro lugar que está, nunca se sabe bem, aquém ou além da
página. Mas o que acontece quando as vozes que desenham nos incitam a trocar de
lugar com elas? Os poemas recentes de Leonardo Gandolfi têm uma capacidade
incomum de situar o próprio ato de ler no centro dos acontecimentos, de modo
que a certa altura nos damos conta de que, enquanto lemos o poema, também somos
lidos por ele. Talvez seja isso que o crítico Rafael Zacca identificou como a
“força de partilha” dessa escrita, que consegue a proeza de ser “inocência e
enigma ao mesmo tempo”. De
Robinson Crusoé e seus amigos (2021) a este
Pote
de mel e outros poemas, o que salta à vista é o percurso de um poeta que,
por meio de um despojamento corajoso, vertical, e em diálogo com a música
popular, a literatura e as artes plásticas, dá um passo a mais em direção a uma
experiência para a qual todos os adjetivos são inapropriados. O nome disso,
poesia. Publicação da Editora 34.
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Em Coisas que não se dizem
,
Antonella Lattanzi escreve um romance acerca dos impasses impostos a todas as
mulheres: a maternidade e a vida profissional.
Nunca é o momento certo para ter
um filho. Primeiro queremos viver, viajar, trabalhar. Antonella quer se tornar
uma escritora: sua ambição é absoluta, sem escapatória. É por isso que, aos
vinte anos de idade, ela interrompe voluntariamente sua gravidez duas vezes.
Quando, anos depois, ela se sente pronta, com um parceiro ao seu lado, é seu
corpo que não está pronto. E assim começa o processo brutal de obstinação,
obsessão e medicalização. Certas torturas, aspirações inconfessadas, felicidade
efêmera e arrogante, sofrimento e raiva. Poderíamos dizer que é uma história já
escrita, mas aqui não há nada de comum: é como narrar de dentro de uma
avalanche, com a incrível capacidade, rolando, de olhar para si mesmo e não
acreditar, e de desafiar a si mesmo, condenar a si mesmo, sorrir para si mesmo
para se tornar corajoso. Em um crescendo de indescritível poder narrativo,
Antonella Lattanzi descreve (em sua própria pele) a força inexorável de um
desejo que não se detém diante de nada, mas também a culpa, a insensibilidade
de alguns médicos, a amizade que sabe sustentar os silêncios e as confidências
mais atrozes, o relacionamento de um casal sempre à beira da ruptura, a fúria
feroz contra o mundo (e as mulheres grávidas). Mantendo o leitor por perto,
grudado na página, com um uso magistral da edição, capaz de criar um suspense
do tipo thriller. O mais incrível é que, ao mesmo tempo em que conta uma
história excepcional e crua, esse romance consegue falar de forma verdadeira e
profundamente relevante sobre todas as mulheres — mães e não mães — que em
algum momento de suas vidas já se perguntaram: será que quero ter um filho?
qual é o momento certo? terei que desistir de mim mesma, de minhas ambições? e
por que todo mundo engravida e eu não? O romance é publicado pela editora
Âyiné; tradução de Julia Scamparini.
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Uma coleção que pretende
resgatar a vida e obra dos pioneiros da tipografia e da impressão, ao render
homenagem aos grandes tipógrafos e editores que possibilitaram a difusão da
cultura e mudaram o mundo como o conhecemos: Aldo Manuzio, Johannes Gutenberg,
Christophe Plantin dentre outros.
Sob a coordenação de Plinio
Martins Filho e com edição, notas e projeto gráfico de Gustavo Piqueira, a Coleção
Inventores de Livros traz referências, textos e imagens sobre os parâmetros
fundamentais que embasaram a arte tipográfica e que ainda se encontram
presentes nos livros de hoje. O primeiro volume
O inventor de livros: Aldo
Manuzio, Veneza e seu tempo traz a vida e obra do tipógrafo italiano que,
além de estabelecer inúmeros procedimentos tipográficos que servem de modelo
até nossos dias, desenvolvendo como poucos a arte da impressão de livros, foi
também o primeiro a exercer o papel de editor como conhecemos hoje. Seu
trabalho reunia as mais recentes descobertas tipográficas ao esmerado trabalho
filológico, com o qual possuía grande familiaridade. Foi com Aldo que se firmou
o livro moderno, com capa dura, folha de rosto com marca do impressor, sumário,
paginação padronizada, itálicos, cólofon. O formato de bolso (in-octavo)
permitiu a portabilidade do livro e revolucionou o modo de ler. Dono de
prodigiosa erudição e detentor de notável capacidade de criar e manter
relacionamentos com as mais proeminentes figuras da cultura de seu tempo, Aldo
tem lugar de destaque no panteão dos restauradores da cultura clássica pelo seu
trabalho de edição de obras completas dos grandes autores gregos e latinos. A
imprensa aldina foi responsável pela segunda fase do Renascimento: aquela que
viu a popularização do resgate dos valores estéticos, morais e conceituais da
Antiguidade greco-romana. Na esteira de seu trabalho, os livros de Platão,
Aristóteles, Cícero, Plínio saíram dos muros das bibliotecas monásticas,
surgindo então uma cultura clássica secularizada. A coleção Inventores de
Livros, em coedição entre as editoras Ateliê e Mnēma, não é dirigida apenas ao
conhecedor do livro, de sua história e de suas técnicas. Destina-se, sobretudo,
ao leitor interessado em conhecer melhor as origens e as pessoas por trás da
trajetória e da evolução deste objeto que tem em mãos: o livro.
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REEDIÇÕES
Livro que deu destaque para a
obra de João Anzanello Carrascoza ganha nova edição.
Em
Aos 7 e aos 40 se mescla
dois momentos da vida com extrema delicadeza, arrebatando o leitor por meio de
uma leitura singela e impactante sobre o amadurecimento. Uma vida. Dois
momentos. Com a sensibilidade que lhe é característica, neste romance João
Anzanello Carrascoza conduz o leitor por duas fases marcantes da existência de
seu protagonista: a infância, aos sete anos, e a maturidade, aos quarenta. Na
infância, através de uma narrativa fluída, o protagonista vive em um ambiente
familiar simples e afetuoso, onde cada experiência é vivida com intensidade. Os
pequenos eventos, como assistir desenhos animados com o irmão ou jogar uma
partida de futebol, tornam-se grandes aventuras. Aos quarenta, a narrativa
passa a ser mais fragmentada e os acontecimentos têm outro peso: agora, ele
lida com um divórcio e o distanciamento do filho. Refletindo sobre os laços
familiares e o impacto do tempo, o protagonista busca nas lembranças a força
para enfrentar as responsabilidades da vida. Ao alternar entre duas etapas
distintas, Carrascoza constrói uma narrativa comovente sobre o ciclo da
existência, onde o que é vivido no passado ressoa continuamente no presente. É
uma obra que convida à introspecção e emociona por sua beleza e simplicidade. Publicação
da editora Alfaguara.
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RAPIDINHAS
Paulo Leminski na Flip. A
organização do evento literário
brasileiro mais badalado divulgou
nesta
semana que homenageará o poeta
Paulo Leminski. Uma boa surpresa, ainda
que o nome a ser lembrado talvez fosse o de outro curitibano, Dalton Trevisan;
é o centenário do contista que morreu neste ano.
Lídia Jorge no Brasil. A
Autêntica, através do selo Contemporânea, reedita entre nós
A manta do
soldado. O livro sai por aqui depois da
boa repercussão de
Misericórdia.
A
escritora
vem ao
país para participar da
Feira do
Livro, evento realizado em São Paulo pela Associação Quatro Cinco Um.
Todos os contos mais dois
inéditos.
Mais de duas mil páginas reúnem a obra completa de Rubem
Fonseca no gênero em que foi mestre. A caixa com acabamento em capa dura sairá
em maio pela Nova Fronteira com textos de Vera Lúcia Follain de Figueiredo,
Maria Antonieta Pereira, Miguel Sanches Neto e inédito de Silviano Santiago.
OBITUÁRIO
Morreu Heloísa Teixeira.
Um dos últimos atos de rebeldia da sempre incisiva Heloísa foi o
apagamento do sobrenome com o qual se fez reconhecida. Ela nasceu em 26 de
julho de 1939, em Ribeirão Preto, e desde o casamento com o advogado e
galerista Luiz Buarque de Hollanda assinava com este sobrenome, abandonado em
2023, pelo sobrenome da mãe. Formada em Letras Clássicas pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, mestra e doutora em Literatura
Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição onde foi professora,
Heloísa se destacou no âmbito da crítica literária e cultural. Entre os livros
publicados estão Macunaíma: da literatura ao cinema, Cultura e
participação nos anos 60, Pós-modernismo e política, Rebeldes
marginais: cultura nos anos de chumbo e O feminismo como crítica da
cultura, este último com um interesse que se tornou mais visível nos
trabalhos mais recentes, como a Coleção Pensamento Feminista, coordenada por
ela, e em títulos como Explosão feminista: arte, cultura, política e
universidade e Feminista, eu? Literatura, Cinema Novo, MPB. Na
literatura, Teixeira organizou as antologias 26 poetas hoje, um marco
para a Poesia Marginal, e As 29 poetas hoje, um recorte acerca da poesia
brasileira feita por mulheres nas últimas décadas do primeiro quartel do século
XXI. Desde abril de 2023, ocupava a cadeira que pertenceu antes à escritora
Nélida Piñon na Academia Brasileira de Letras. Heloísa Teixeira morreu no Rio
de Janeiro no dia 28 de março de 2025.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
As cinco estações do amor,
de João Almino
(Record, 240p.) Saiu, recentemente, uma nova edição deste
que se tornou um dos principais romances do escritor. Narrado em duplo ponto de
vista feminino, eis a reflexão da chamada juventude perdida, marcada pelos
conflitos que deram forma à história do Brasil recente.
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2.
O súdito, de Heinrich
Mann
(Trad. Sibele Paulino, Mundaréu, 448p.) A vida de Diederich
Hessling numa Alemanha das décadas anteriores ao início da Primeira Guerra
Mundial.
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3.
Retorno a Reims, de Didier
Eribon (Trad. Sergio Tellaroli, Âyiné, 240p.) Um homem regressa à sua cidade
passada a morte do pai e retraça o passado familiar e procura as razões da
ruptura com esse mundo.
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BAÚ DE LETRAS
No dia 27 de março celebramos o Dia Mundial do Teatro. Apesar da pouca presença do gênero e dos seus autores por aqui, eles não estão ignorados. Referimos, aleatoriamente, os perfis de cinco dramaturgos já acrescentados à nossa galeria de escritores: 1.
Dario Fo; 2.
Alfred Jarry; 3.
Jon Fosse; 4.
Artaud; 5.
Anton Tchekhov.
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