Boletim Letras 360º #631

Manuela Porto. Foto: Arquivo Mário Dionísio.


 
LANÇAMENTOS
 
Resgate da Pontoedita recoloca em órbita a obra ficcional de uma escritora ignorada até mesmo no seu país de origem.
 
Manuela Porto nasceu em Lisboa em abril de 1908 e foi precursora em seu país na divulgação da obra de várias outras escritoras traduzidas por ela: Anne Brontë, Elizabeth Gaskell, Katherine Mansfield, Louisa May Alcott, Virginia Woolf foram algumas dessas figuras. Além de tradutora, ela também escreveu, principalmente crítica teatral, outra seara igualmente inóspita em seu tempo. Sua vida foi breve: suicidou-se aos 42 anos com uma overdose de barbitúricos. Em 1952, um grupo de amigos publicou o que até agora é a única obra de Manuela Porto — Doze histórias sem sentido. Este material é reaproveitado na edição brasileira intitulada Histórias familiares e outras histórias. Editado com o capricho já reconhecido da Ponto Edita, o livro é acrescentado de um conjunto de nanocontos da atriz brasileira Maria Clara Spinelli desenvolvidos a partir do diálogo com as histórias da também atriz portuguesa. Você pode comprar o livro aqui.
 
O novo livro de María Fernanda Ampuero, autora de Rinha de galos e Sacrifícios humanos.
 
Ampuero já é conhecida por suas narrativas brutais de horror social, nas quais expõe os infernos de ser mulher em um mundo faminto e cheio de dentes. Em Visceral, contudo, Ampuero eviscera suas dores ― que também são nossas ― e disseca as micro e macro violências do cotidiano através de textos autobiográficos que podem ser lidos como crônicas. A violência de gênero, a violência sexual, a gordofobia, a xenofobia, a violência do estado. Através de títulos autoexplicativos que evocam sentimentos represados ― Asfixia, Fúria, Gritaria, Terror ― a autora compõe uma orquestra de sofrimento que reverbera e penetra nos mais profundos traumas e angústias do leitor. Este livro é um exemplo do que fazer com o incêndio que nos consome diante das injustiças. No que transformar a tristeza? Onde despejar nossa ira? Se não podemos escalar a casa, subir no telhado, e gritar até arrebentar as cordas vocais e partir as articulações das mandíbulas; se nos resta apenas seguir em frente e reprimir o desejo de chover sangue sobre nossos agressores, temos apenas uma saída: a literatura. (Verena Cavalcante) O livro sai, como os outros referidos, pela editora Moinhos. Tradução de Silvia Massimini Felix. Você pode comprar o livro aqui.
 
Retrato de meio século de acontecimentos que abalaram o mundo, Olhar para trás se baseia numa história real que, já extraordinária por si só, se transforma nas mãos de Juan Gabriel Vásquez em uma grande aventura. Um romance emocionante sobre o desejo de um pai de dar um futuro melhor não apenas para os filhos, mas para todos à sua volta.
 
Sergio Cabrera vive na Colômbia cercado de arte e privilégios quando seus pais, desiludidos com as convenções burguesas, decidem abandonar tudo e ir para a China, onde a revolução cultural de Mao Tsé-Tung está em andamento. Foi então no maior país comunista do mundo que Sergio e sua irmã, Marianella, passaram o fim da infância e os primeiros anos da adolescência. Ali aprenderam chinês, se uniram à revolução, tornaram-se membros da Guarda Vermelha e treinaram como guerrilheiros. Foi também na China que a tempestuosa relação do jovem com o pai se intensificou, marcada por silêncios e mágoas tingidos de amor e fascínio. Quando retornam à terra natal para apoiar a revolução colombiana e somar forças às guerrilhas do interior, a realidade se desdobra com muito mais perigos do que os antes enfrentados, e uma mudança se faz necessária. Uma nova vida se descortina para Sergio, que dá adeus à luta armada e se torna um dos principais nomes do cinema colombiano. Baseando-se na biografia do cineasta Sergio Cabrera, Juan Gabriel Vásquez cria um romance épico mas íntimo, sobre uma notável família que é completamente transformada ao se envolver numa onda de revoluções históricas e ideológicas. Com tradução de Joca Reiners Terron, livro sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Chega ao Brasil o livro vencedor do Prêmio Pulitzer de Ficção de 2019.
 
Um oficial da aeronáutica americana mergulha desgovernado pelo céu com seu paraquedas e se salva ao aterrissar sobre uma figueira-de-bengala. Um artista herda cem anos de retratos fotográficos, todos da mesma castanheira destinada a sucumbir. Uma estudante universitária é eletrocutada, morre e regressa à vida graças a algumas criaturas de ar e de luz. Uma cientista descobre que as árvores se comunicam umas com as outras e é desacreditada pelos colegas. Esses quatro personagens e outros cinco desconhecidos — todos convocados de maneiras diferentes pelas árvores — se reúnem em um último esforço coletivo para salvar os poucos quilômetros restantes de floresta virgem do continente americano. Ao entrelaçar histórias e vozes de maneira magistral, A trama das árvores explora o conflito essencial do nosso planeta: aquele entre humanos e não humanos. Existe um universo próximo ao nosso — vasto, lento, interligado, engenhoso, magnificamente inventivo e no entanto quase invisível para nós. Esta é a história de um punhado de pessoas que aprendem a enxergar esse mundo e são atraídas para a sua catástrofe em pleno desenvolvimento. Este é um livro para todos que anseiam impacientes pela possibilidade regeneradora de mudança. Se as árvores da Terra pudessem falar, o que diriam? “Escute. Há algo que você precisa ouvir.” Com tradução de Carol Bensimon, o livro é publicado pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
 
A editora Autêntica finaliza a tradução e publicação em edições bilingues da obra de Horácio.
 
Aqui, lemos e ouvimos sobre tudo: conselhos para o bem-viver, anedotas de conhecidos, notícias e bons alvitres para um amigo em viagem, relatos sobre bruxas, casos de prostitutas, relatos sobre jantares exagerados, insultos a desafetos ou elogios à vida no campo. As Sátiras de Horácio, descritas pelos próprios romanos como um gênero exclusivamente seu, revelam um olhar arguto e bem-humorado sobre a sociedade de sua época, enquanto os Epodos trazem uma poesia de tom mais ríspido e provocador. Já as Epístolas, entre conselhos e observações sutis, culminam na célebre Arte Poética, um dos textos fundamentais sobre a criação literária no Ocidente. O que temos, então, são os versos de um dos mais geniais escritores do mundo antigo transcriados por Guilherme Gontijo Flores. O poeta-tradutor preserva a variedade estilística e a musicalidade de Horácio, que transita da ironia sofisticada ao tom mais ríspido dos Epodos e à elegância reflexiva das Epístolas. Além disso, oferece uma introdução e anotações detalhadas a cada poema, guiando o percurso do leitor. Você pode comprar o livro aqui.
 
A nova tradução para um dos ensaios mais célebres de Virginia Woolf.
 
Publicado originalmente em 1929, Um quarto só para mim é um ensaio incontornável. Convidada no ano anterior a pronunciar palestras na universidade de Cambridge sobre o tema geral de “as mulheres e a ficção”, Virginia Woolf serviu-se da ocasião para cristalizar suas reflexões de ordens variadas mas convergentes: a condição e a emancipação da mulher no Ocidente, a natureza e as vertentes da escrita feminina, a necessidade de reescrever a história da literatura — recorrendo, quando necessário, à ficção e inspirada pelas possibilidades que a modernidade e o feminismo inauguravam. Tudo isso com a verve, o humor, a potência intelectual, metafórica e humana de quem, naquela mesma altura da vida, explorava todas essas perspectivas em seu magistral romance Orlando, de 1928, concebido na sequência imediata de Mrs. Dalloway (1925) e Rumo ao farol (1927). Nesta nova tradução de Sofia Nestrovski apresentada pela Editora 34, Um quarto só para mim é seguido por um comentário contemporâneo em que, sob o título de “A querela das mulheres”, a crítica e escritora mexicana Margo Glantz revisita o ensaio de Woolf à luz da condição feminina no século XXI e de uma linhagem de escritoras latino-americanas encabeçada pela grande poeta da Nova Espanha colonial, Sor Juana Inés de la Cruz. Você pode comprar o livro aqui.
 
Entre 2016 e 2024, período de turbulência política, social e econômica não só no Brasil, mas no mundo todo, Tiago Ferro escreveu uma série de textos que perpassam o horror e a distopia contemporânea; novo livro é uma seleção desse material.
 
Prisão perpétua reúne 27 escritos que vão de ensaios e intervenções a resenhas e experimentações ficcionais. O texto que dá título ao livro é uma reflexão sobre sua chegada a Princeton, Estados Unidos, cidade que o autor passou um ano com sua família por conta de uma bolsa de estudos. A experiência do olhar estrangeiro e periférico perpassa outras passagens da obra. O alcance e o fortalecimento da extrema direita no Brasil e no mundo, a precariedade da vida e do trabalho e o aprofundamento da economia neoliberal são também assuntos recorrentes. Os livros, a música e outras manifestações culturais marcam parte da obra. Ferro passa pela produção de nomes como Chico Buarque, Bob Dylan, Fernando Pessoa, Roberto Schwarz e Judith Butler e os relaciona a temas contemporâneos. “Estamos diante de uma forma curiosamente outra, que faz da atomização característica de nosso tempo um método de aproximação com a realidade, emprestando elementos da reflexão subjetiva à reflexão objetiva, nem sempre nessa ordem. Dessa outra forma surgem o risco e o desnível de impressões que funcionam como força ordenadora de textos mais longos, como também explodem pequenos fragmentos herméticos, capazes de exigir do leitor tanto a referência teórica quanto a vivida, para o complemento dos recortes”, escreve Nathalia Colli no posfácio. O livro sai pela editora Boitempo. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um dicionário para a obra do mais popular dos escritores brasileiros.
 
Os diversos textos que compõem o Dicionário crítico Jorge Amado procuram associar a vasta obra de Jorge Amado às conjunturas e processos históricos nos quais ela se produziu. Abordando seus títulos clássicos e também outros menos conhecidos, o livro reúne pesquisadores de diferentes campos de conhecimento (história, estudos literários, antropologia etc.) e de diferentes países e diferentes gerações. Jorge Amado (1912-2001) talvez seja um dos escritores mais conhecidos dentro e fora do Brasil, inclusive pela adaptação de muitos de seus textos para o cinema, para a televisão e para o teatro. Para Marcos Silva e Nelson Tomelin Jr. este dicionário se junta a outras obras que têm contribuído para uma leitura ampliada e renovada de Jorge Amado e de seu tempo, desempenhando um importante papel para a fortuna crítica do escritor. Publicado pela Edusp. Você pode comprar o livro aqui.
 
REEDIÇÕES
 
Em abril, uma nova edição do romance Homens elegantes, de Samir Machado de Machado.
 
Ensinar, comover e divertir devem ser as metas de todo grande escritor, segundo os preceitos da retórica clássica. Neste perspicaz romance histórico, Samir Machado de Machado cumpre à risca a receita dos mestres de outrora — mas adicionando elementos contemporâneos bem vistosos, como referências à cultura queer e ao pop hollywoodiano. Eis, bem-aventurado leitor, as prodigiosas aventuras de Érico Borges, agente secreto de sua majestade, el-Rei dom José I de Portugal, na capital do Império britânico. Súdito brasileiro da coroa lusitana, de pai reinol e mãe inglesa, Borges possui educação e modos refinados, em contraste com a maioria de seus conterrâneos, todos uns broncos. Nosso detetivesco protagonista é militar de profissão e leitor compulsivo por vocação, mas depende do contrabando para ter acesso a livros de autores como Shakespeare, Platão e Montaigne — cuja importação àquela altura era proibida no Brasil. Um lance de sorte e astúcia, à maneira das melhores cartadas de whist, transforma seu destino. O conde de Oeiras, eminência parda da coroa e futuro marquês de Pombal, requisita seus conhecimentos livrescos para uma delicada missão de espionagem em território estrangeiro: identificar os responsáveis pela difusão de um livreto pornográfico na colônia sul-americana, que Lisboa atribui aos inimigos de Portugal e da Igreja. Ambientado na Inglaterra dos princípios da Revolução Industrial, Homens elegantes reconstitui com graça e rigor a geografia social da subcultura gay da Londres georgiana. Através do detalhado pano de fundo desse teatro urbano se movimenta uma trama imprevisível, repleta de mistérios, paixões e reviravoltas. Além de numerosas figuras históricas, o universo pop de Samir Machado de Machado também é habitado por uma galeria de personagens de seus mestres da narrativa — de Thomas Pynchon a Italo Calvino, por Umberto Eco, pelos games de Assassin's Creed e os clássicos capa-e-espada da era de ouro do cinema. A nova edição sai pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS
 
Abril nas Edições Cosac 1. Cinco novos títulos chegam aos leitores pela nova casa editorial de Charles Cosac e todos de natureza acadêmica: Caçadores de baleias, de Wellington Castellucci Junior, examina a exploração baleeira no Atlântico Sul entre os anos de 1740-1850; Viajantes de saias, de Ludmila de Souza Maia, investiga as experiências de viajantes de duas escritoras, a brasileira Nísia Floresta e a francesa Adèle Toussaint-Samson; já Segunda visitação da Inquisição à Bahia, de Angelo Adriano Faria de Assis e Ronaldo Vainfas oferece os documentos a única visita registrada da inquisição portuguesa à Bahia.
 
Abril nas Edições Cosac 2. Os outros dois títulos versam acerca das questões ligadas ao universo negro no Brasil colonial. Em Devoção negra, de Anderson José Machado de Oliveira, o tema é a formação da fé católica entre os africanos trazidos para o Brasil; Sinhás, pretas, damas mercadoras, de Sheila de Castro Faria, discorre sobre mulheres negras africanas que aqui conseguiram não apenas obter sua liberdade mas também prosperar num tempo e contexto desfavoráveis. Os livros abrem a Série Crioula.

Abril nas Edições Cosac 3. A casa aproveita de reedita dois outros títulos que saíram inicialmente pela extinta Cosac Naify: a edição com uma seleta das novelas do Decameron, de Giovanni Boccaccio; e o livro dedicado a Tunga, de Catherine Lampert
 
Mais Andrei Platônov. A Ars et Vita anunciou para maio a publicação do segundo volume reunindo a contística do escritor russo. O amor pela pátria e outros contos reunirá oito textos com ilustrações de Anna Cunha e tradução de Maria Vragova.
 
A próxima campanha de publicação da Pinard. A editora abrirá financiamento para publicar entre nós a obra de Cynthia Mcleod, Quão caro era o açúcar, do Suriname. O título integrará a Coleção Prosa Latino-Americana. A autora estará no Brasil no mês de agosto e casa corre para entregar o livro até esta data. 
 
OBITUÁRIO
 
Morreu Benito Barreto.
 
Benito Barreto nasceu em 17 de abril de 1929 em Guanhães, Minas Gerais. Ainda adolescente foi morar em Belo Horizonte para concluir os estudos. É na capital mineira que trata contato com duas frentes importantes para a sua obra que se inicia na década de 1960: a literatura modernista em autores como Carlos Drummond de Andrade e alguns autores que se tornaram também seus contemporâneos, incluindo Roberto Drummond, Wander Piroli, Murilo Rubião, Oswaldo França Júnior, Manoel Lobato e Rui Mourão; e a militância no Partido Comunista Brasileiro. Interessado em articular a revolta armada contra a ditadura refugiou-se no interior do Nordeste até se exilar na Rússia. Foi em 1962 que publicou o seu primeiro livro, Plataforma vazia, com o qual venceu o Concurso de Literatura Cidade Belo Horizonte. Destacando-se pelo romance histórico, Barreto ficou reconhecido pelos ciclos narrativos Os Guaianã”, saga de uma guerrilha nos sertões da Bahia e de Minas Gerais e da qual o livro de 1962 foi o primeiro título (os outros foram Capela dos homens, 1968; Mutirão para matar, 1974; e Cafaia, 1975), e a tetralogia Saga do caminho novo, na qual recriou de maneira ficcional a história da Inconfidência Mineira. Este ciclo é formado pelos livros Os idos de maio (2009), Bardos e viúvas (2010), Toque de silêncio em Vila Rica (2011) e Despojos: a festa da morte na Corte (2012). Publicou ainda outros romances, crônicas e relatos de viagem. Benito Barreto morreu em 17 de março de 2025.
 
Morreu Dag Solstad.
 
Dag Solstad nasceu em Sandefjord, uma pequena cidade costeira da Noruega, no dia 16 de julho de 1941. Fez seus estudos na Universidade de Oslo e trabalhou em várias frentes antes de se dedicar integralmente à literatura; foi professor em Kabelvåg, jornalista para o Tiden, articulista na revista literária Profil. Figura atuante na política de seu país, na década de 1970 integrou o Partido Comunista, e vários dos temas aí circulantes passou às suas obras. Sua estreia como escritor data de 1965 com uma antologia de contos construída pelos princípios da literatura moderna, base a partir da qual encontrará a liberdade para o experimentalismo pós-modernista que marcará definitivamente a sua obra até alcançar o reconhecimento da crítica e de seus pares, incluindo Karl Ove Knausgård, Peter Handke e Per Petterson, como um dos mais importantes escritores da Noruega no século XX. Deixou mais de duas dezenas de romances, além de livros de cunho crítico e ensaístico. Até agora, sua obra é praticamente inédita no Brasil. Em 2016 saiu Romance 11 Livro 18 (Numa Editora), o primeiro dos livros de Dag Solstad traduzidos por aqui; quatro anos em seguida, a mesma casa editorial publicou Pudor e dignidade. Em português, encontra-se ainda A noite do professor Andersen. Recebeu inúmeros prêmios por sua obra; com Romance 11 Livro 18 (de 1992), o Prêmio Norueguês de Crítica Literária — galardão que o alcançou com outros livros, como o primeiro romance Irr! Grønt! (de 1969). Contam ainda na lista, o Prêmio Honorário Brage e o Prêmio Nórdico da Academia Sueca. Solstad morreu no dia 14 de março de 2025, mas a notícia só foi divulgada para a imprensa três dias depois do acontecido.
 
DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. O que sei de você, de Éric Chacour (Trad. Letícia Mei, DBA, 272p.) Um romance secreto e conflituoso entre dois homens implicados numa família matriarcal levantina em meio a um Egito assolado de instabilidades pela Guerra dos Seis Dias. Você pode comprar o livro aqui
 
2. Cavalos no escuro, de Rafael Gallo (Record, 208p.) Reunião de dez contos de Rafael Gallo marca o retorno do escritor à forma literária que o revelou; dez narrativas com figuras e situações marcantes que reabrem o interesse para as nossas insuficiências, compulsões, obsessões e dificuldades. Você pode comprar o livro aqui
 
3. Eu vou, tu vais, ele vai, de Jenny Erpenbeck (Trad. Sergio Tellaroli, Companhia das Letras, 368p.) Interessado no tema da crise dos refugiados na Europa contemporânea, este romance conta a história de um discreto filólogo que depois da aposentadoria começa a reconstruir sua identidade como cidadão. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
Conhecemos várias feições do famoso escritor que ajudou a fundar o naturalismo na literatura, mas pouco a do apaixonado pela atividade de fotografar. Esse gosto é revelado na exposição Zola fotógrafo, patente no Espaço Richaud, até abril de 2025. A mostra reúne mais de uma centena de fotos tiradas por Zola e por aqueles que o cercavam revelando que o escritor se apaixonou verdadeiramente por essa expressão à volta dos 48 anos, quando havia terminado de compor o grande ciclo dos Rougon-Macquart. Daí, ele se dedicou ao ofício até os últimos anos de vida: comprou aparelhos, montou laboratório, experimentou diferentes processos de impressão e atuou com personagem de vários dos seus registros. Não é o homem de Germinal ou L’Assommoir o que se revela nessa linha; é um Zola interessado em capturar a intimidade familiar, mostrando-se afetuoso pai (como nesta imagem) e amante dos animais, a atmosfera pacífica dos dias ensolarados no campo ou no rio Sena. No forçado exílio em Londres, para escapar da prisão quando condenado pelo seu artigo “J’accuse...!”, nota-se que a fotografia foi seu suporte; além dos próprios registros londrinos, passa a testemunhar o tempo distante de casa através dos registros do que ficou em Paris: os entes queridos, a vida urbana, os monumentos da cidade. Certamente, um manancial precioso que nos projeta outros possíveis do escritor. Veja aqui.
 
BAÚ DE LETRAS
 
No passado 21 de março celebramos mais um Dia Mundial da Poesia. Recordamos a bonita data, recomendando cinco perfis de poetas entre os publicados recentemente aqui no Letras. É um gesto de dizer, procuremos suas obras e acrescentemos ao nosso repertório de leitores. Começamos por Armando Freitas Filho — aqui; um segundo, Cacaso, disponível aqui; aqui, o poeta galês Dylan Thomas; mais acerca do indispensável William Carlos Williams aqui; e, Wislawa Szymborska.

E podemos, ainda embalados pelo 21 de março, recordar quatro das entradas mais acessadas no âmbito do projeto De Versos. Coluna administrada pelo também poeta Pedro Belo Clara para esta página, sempre com poesia a cada último domingo do mês: dez poemas e fragmentos de Safo — aqui; outro grego, Konstantinos Kaváfis, seis poemas — aqui; sete poemas de Miguel Torga; e aqui, quatro poemas de Louise Glück.
 
O primeiro romance de Dag Solstad, escritor norueguês que morreu no dia 14 de março de 2025, conforme lemos na seção “Obituário” desta publicação, publicado entre os leitores brasileiros foi Romance 11 Livro 18. Aqui, uma resenha escrita por Pedro Fernandes.  
 
DUAS PALAVRINHAS
 
Um escritor não tem nenhuma obrigação política de se expressar, nem um professor, nem um médico. Mas numa sociedade democrática, quanto maior o número daqueles que se expressam, melhor.

— Dag Solstad.

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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.

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