DO EDITOR
Olá, leitores! Aproveito este espaço
para reiterar publicamente os agradecimentos àqueles que enviaram suas candidaturas
para ocuparem um lugar neste projeto. O
Letras iniciou essa alternativa em
2012 e deste então tem enriquecido seus interesses com perspectivas e leituras essenciais
e enriquecedoras para o debate acerca da literatura e dos livros,
principalmente.
Justamente porque vivemos em um
país em que o pensamento e a discussão nessa seara têm andado de joelhos desde
o declínio do nosso leitorado e mesmo as dificuldades sendo enormes, parece
válido este projeto. É preciso, ao menos, acreditar que não é um bom modo ficar
apenas na função de observadores do barco que afunda sem ao menos tocar um
réquiem.
Certamente, também é esse o ponto de vista de todos que batem à nossa porta
atendendo ao nosso chamado. Então, obrigado!
A chamada de 2025 recebeu treze
candidaturas. Dessas, foram aprovadas nove. As estreias começam a aparecer por
aqui entre as últimas semanas deste mês e as primeiras semanas de abril. Aos
leitores que queiram conhecer um pouco dos novos autores podem ingressar no
nosso grupo no Telegram, onde chega em primeira mão as publicações diárias
deste projeto.
Por fim, outro convite. Faltam quatro
leitores para o nosso próximo sorteio do Clube de Apoios. Sortearemos um exemplar
do livro de contos
Morte em pleno verão, do escritor japonês Yukio
Mishima. Saiba todos os detalhes de como participar
aqui.
Um excelente final de semana para
vocês!
 |
Marcelo Rubens Paiva. Foto: Maria Isabel Oliveira |
LANÇAMENTOS
Marcelo Rubens Paiva encerra a
sequência formada pelos romances Feliz ano velho
e Ainda estou aqui.
Escritor, pai depois dos cinquenta
anos, cadeirante e considerado inimigo pelo governo vigente: assim Marcelo
Rubens Paiva se descreve, neste livro franco e emocional, sequência
autobiográfica de
Feliz ano velho e
Ainda estou aqui ― cujo
filme, dirigido por Walter Salles e com Fernanda Torres no papel principal, foi
vencedor do prêmio de melhor roteiro do Festival de Veneza e o Oscar de Melhor Filme
Internacional. Nas obras anteriores, ele fala sobre o acidente que o deixou
numa cadeira de rodas aos vinte anos, o desaparecimento do pai, Rubens, durante
a ditadura militar, e a luta da mãe, Eunice, para cuidar sozinha dos cinco
filhos, se tornar uma defensora dos direitos indígenas e, por fim, enfrentar o
Alzheimer. Desta vez, em
O novo agora, é o próprio Marcelo quem está no
papel de pai. Às vezes bem-humorado, em outras melancólico, Marcelo mergulha
nas agruras da paternidade, ao mesmo tempo em que recorda períodos
especialmente duros do país: primeiro, a guinada política que atinge em cheio
sua família e artistas. Depois, a pandemia. E, em meio a isso, a lenta
fragmentação do casamento. A escrita avança e recua no tempo, retoma memórias
de infância e relatos de seus pais e, aos poucos, constrói um retrato complexo
de uma família atravessada por crises em diferentes níveis, incerta quanto ao
futuro, mas que, aos poucos, aprende a sobreviver. E a sair do outro lado
refeita. Publicação da Alfaguara Brasil.
Você pode comprar o livro aqui.
Publicado em 1937, Sanatório
sob o signo da clepsidra
é o segundo e último livro do prosador e artista
gráfico Bruno Schulz (1892-1942), um dos escritores mais originais do século XX.
Nascido num lar judeu e educado em
alemão, o autor deixou uma marca indelével na literatura moderna polonesa,
língua na qual criou a sua intensa obra, interrompida tragicamente pela
barbárie nazista. Nos contos de
Sanatório..., Bruno Schulz dá
continuação ao projeto artístico iniciado em
Lojas de canela (1934), um
esforço quase quixotesco de elevar o cotidiano mais banal — memórias de uma
infância pacata numa cidadezinha provinciana — à categoria do mito. Através de
uma prosa densa, atravessada por vislumbres surrealistas, e rica em imagens
exuberantes e metáforas imprevisíveis, o escritor cumpre seu programa à risca. Neste
livro, que encerra esta nova edição da ficção completa do autor, além de uma
versão revista da belíssima tradução de Henryk Siewierski, vertida fielmente do
original polonês, o leitor encontrará dois textos inéditos de Bruno Schulz: o
ensaio “A mitificação do real”, síntese e manifesto de toda a sua produção
artística, e “Úndula”, o primeiro conto publicado pelo escritor, descoberto
apenas em 2019.
Publicação da Editora
34.
Você pode comprar o livro aqui.
Um inédito de Kurt Vonnegut
entre nós.
Um milhão de anos atrás, em 1986,
o Bahía de Darwin ― o Cruzeiro Ambiental do Século ― está pronto para zarpar do
porto de Guayaquil. A lista de convidados está cheia de celebridades e pessoas
influentes da mídia, mas quando uma crise financeira global se instaura, quase
todos os passageiros decidem ficar em casa. Os que persistem e tentam a sorte
em um Equador falido e perigoso, não fazem ideia de que estão prestes a se
tornar sobreviventes presos nas Ilhas Galápagos e os progenitores de uma nova
espécie humana: corajosa e totalmente diferente. Kurt Vonnegut Jr. surpreende
mais uma vez com o seu humor ácido e sombrio, em um vislumbre crítico sobre
tudo o que é trágico e decadente na humanidade.
Galápagos sai pela
editora Aleph com tradução de Livia Koeppl.
Você pode comprar o livro aqui.
As crônicas de Pedro Mairal
publicadas na Folha de São Paulo
estão reunidas em livro.
“O amor é um equívoco”, escreve o
autor na primeira crônica deste volume. “Mas esse equívoco é a única coisa que
existe.” Amores difíceis, romances arrebatadores, os inícios e fins de tudo ou
quase tudo em nossa vida emocional. É desse material ― vivido por namorados,
amantes, maridos, mulheres e amigos ― que Mairal, autor de
A uruguaia,
extrai, com sua escrita leve e inteligente, este punhado de crônicas
deliciosas, originalmente publicadas na
Folha de S. Paulo e revistas
pelo autor para esta edição.
Fogo nos olhos é publicado pela editora
Todavia com tradução de Livia Deorsola.
Você pode comprar o livro aqui.
Philippe Besson e seu contínuo
interesse na amizade, no amor e na nostalgia pelos acontecimentos que fizeram
um tempo de descobertas.
No verão de 1985, numa ilha ao
largo da França, um grupo de jovens se entrega à intensidade dos dias
ensolarados e às noites embriagadas de liberdade. François, Christophe, Nicolas
e o narrador, Philippe, vivem a última estação de sua juventude como se o tempo
pudesse ser suspenso: os primeiros amores, os segredos sussurrados entre um
cigarro e outro, as amizades inabaláveis e a certeza ingênua de que o mundo
sempre será deles. Mas as noites de verão carregam promessas e sombras. Entre
festas, danças ao ar livre e mergulhos no mar, desejos são despertados e
corações postos à prova. Quando Alice, uma jovem parisiense de espírito livre,
cruza seus caminhos, tudo parece ganhar um brilho novo — e, ao mesmo tempo, um
presságio de despedida. Porque, no fundo, eles sabem: toda história
inesquecível precisa acabar. Com sua prosa elegante e melancólica, Philippe
Besson nos conduz por uma narrativa sensível sobre amizade, descobertas e a
nostalgia do que jamais poderá ser revivido. Este livro é um retrato tocante da
juventude, do primeiro amor e da dolorosa beleza daquilo que se perde com o
tempo.
Uma noite de verão sai pela Vestígio; tradução de Julia da Rosa
Simões. Indagar sobre a nossa própria origem é abrir portas para muitas
perguntas e para silêncios e respostas inesperadas que às vezes provocam uma
reviravolta na memória.
Você pode comprar o livro aqui.
Cristina Rivera Garza remonta
os passos daqueles homens e mulheres que habitam seu passado familiar.
Em
Autobiografia do algodão,
são os operários e camponeses que cultivaram a terra que hoje constitui a
fronteira entre Tamaulipas (México) e Texas (Estados Unidos), uma região que
alcançou prosperidade econômica, social e cultural graças ao plantio de algodão,
o ponto de interesse. Após o fracasso do sistema, aqueles camponeses
algodoeiros deixaram seu espaço, antes símbolo de progresso, hoje ocupado pela
chamada guerra contra o narcotráfico. Este é um romance repleto de imagens e
camadas; um muito bem-sucedido amálgama de gêneros, um emocionante exercício de
investigação e reescrita. É, sobretudo, um convite para relembrarmos a história
de nossos avós, para nos reencontrarmos e nos desencontrarmos com isso a que
chamamos território. Publicação da Autêntica Contemporânea; tradução de Silvia
Massimini Felix.
Você pode comprar o livro aqui.
A incrível história de duas
viagens, uma literal e outra imaginária, pela Rússia contemporânea e pela
literatura soviética.
Em 26 de outubro de 1932, Stalin
compareceu a uma reunião de escritores na casa de Maksim Górki. “Nossos tanques
são inúteis”, disse ele, ‘se as almas que os conduzirão forem feitas de barro’.
Cabe aos escritores, “engenheiros de almas”, forjar o novo homem soviético.
Assim nasceu a estética proletária da construção e da produção, útil para celebrar
as colossais obras de engenharia hidráulica dos primeiros planos quinquenais
que, graças ao trabalho forçado do Gulag, estavam domando a natureza “inimiga”
do território soviético: desvios de leitos de rios, milhares de quilômetros de
canais, usinas de dessalinização da água do mar. É a partir da leitura de um
livro de 1932 de Konstantin Paustovski sobre a “eliminação de desertos” que
começa a jornada narrada em
Engenheiros da alma, que leva Frank
Westerman, um jornalista investigativo com estudos em engenharia agrária, das
ruínas industriais do Golfo de Kara-Bogaz ao Canal Belomor, o projeto que o
coletivo de escritores liderado por Górki foi chamado a cantar como
“historiografia instantânea do socialismo”. Uma jornada concreta, a de
Westerman, que está entrelaçada com a exploração da vida e das obras daqueles
que, em meio a dúvidas, fraquezas e ceticismo, dedicaram sua pena e suas habilidades
expressivas ao fortalecimento da URSS pós-revolucionária. Concentrando-se não
nos grandes dissidentes, mas nos “mais ou menos acomodados”, como o próprio
Paustovsky, ou o atormentado Platonov, ou o grande Pilniak, que morreu em um
gulag
após uma série de altos e baixos, Westerman reconstrói com acentos pessoais a
relação entre o poder e os artistas, e seu doloroso esforço para encontrar um
espaço possível entre o ditame e a inspiração. Publicação da editora Âyiné e
tradução de Mariangela Guimarães.
Você pode comprar o livro aqui.
Livro repensa o que significa o
termo “literatura” hoje examinando formas-chave da escrita experimental
desde a década de 1920 na América Latina.
Antiliteratura, de Adam
Joseph Shellhorse revela a força da literatura como o local da reflexão e
reação radical às condições culturais e políticas contemporâneas. Sua análise
dialoga com a obra de escritores como Clarice Lispector, Oswald de Andrade, os
poetas concretistas brasileiros (Haroldo e Augusto de Campos e Décio
Pignatari), Osman Lins e o argentino David Viñas, para desenvolver uma teoria
que coloca o feminino, o multimídia e o subalterno como centrais para o
desmontar do que significa “literatura”. Ao colocar as antiliteraturas
brasileira e argentina no cerne de uma nova forma de pensar a área, o livro
desafia as discussões prevalecentes sobre a projeção histórica e a força
crítica da literatura latino-americana. Examinando uma gama diversificada de
textos e mídias que incluem artes visuais, poesia concreta, roteiros de filmes,
cultura pop, narrativa neobarroca e outros que desafiam o gênero, o livro
delineia o potencial subversivo dos modos antiliterários de escrita, ao mesmo
tempo que envolve debates atuais nos estudos latino-americanos sobre
subalternidade, escrita feminina, pós-hegemonia, concretismo, afeto, marranismo
e política da estética. Assim, Shellhorse propõe um novo método de leitura que
se ocupa das qualidades marginais e subalternas do texto literário e o coloca
num diálogo urgente com os conceitos mais atuais provenientes da filosofia e da
teoria crítica atual. Com tradução de Maria Clara Cescato e publicação da
editora Perspectiva.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição de Memórias do
cárcere
amplia presença da obra de Graciliano Ramos no catálogo da Penguin/
Companhia das Letras.
Pouco antes de publicar
Vidas
secas, Graciliano Ramos passou dez meses detido em penitenciárias e
quartéis de Maceió, Recife e Rio de Janeiro. A prisão foi por “haver
participado do movimento comunista”, conforme alega sua ficha da era Vargas. O
período marcou enormemente a vida e a produção literária do escritor, que antes
se dedicava à política e ao trabalho e às burocracias da repartição pública. Escrito
uma década depois da experiência da prisão e publicado postumamente, este livro
é dividido em quatro partes que remontam desde os dias anteriores à prisão até
a relações e os conflitos durante o encarceramento. Com o minucioso
estabelecimento de texto e pesquisa de Ieda Lebensztayn, posfácio de Rodrigo
Jorge Neves, além de imagens de alguns dos manuscritos originais selecionados
para esta edição,
Memórias do cárcere é o retrato de um período político
conturbado do Brasil, ao mesmo tempo que um registro ímpar de um dos maiores
nomes da literatura brasileira.
Você pode comprar o livro aqui.
Publicado originalmente em
1987, o primeiro romance de Elvira Vigna ganha agora nova edição, com posfácio
de Alexandre Vidal Porto. Uma história sobre o Brasil, mas também sobre
amizades, amores, términos, sexualidade e saudade do que um dia foi — ou poderia
ter sido.
“A casa de Pendotiba, tão parecida
com o Brasil.” É assim que Pedro descreve o lugar onde, por sete anos, se
refugiava com os melhores amigos nos finais de semana. A casa era de Carlos
Alberto, o Caloca, que deixara o apartamento da ex após o divórcio para
construir uma nova vida. O terreno, antes abandonado, se tornou a terra
prometida, na qual se ergueria uma mansão. Mas isso não aconteceu. A fonte de
dinheiro secou, e a construção ficou muito diferente da que fora idealizada. Essa
é apenas uma das muitas frustrações que perpassam os personagens de Sete anos e
um dia, quatro amigos que se encontravam regularmente entre 1978 e 1985 —
tempos sombrios para a grande promessa que era o Brasil — para trocar
confidências, se amar, brigar e enfrentar os desafios impostos pela ditadura. Em
seu primeiro romance, Elvira Vigna já manifestava o que consagraria sua
literatura: a lucidez para abordar sem desvios as coisas mais delicadas da
vida.
Sete anos e um dia sai pela Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Publicado em 1974, Humberto
Mauro, Cataguases, Cinearte
foi restaurado no texto e nas imagens para esta
Edição do Cinquentenário, em parceria com a Cinemateca Brasileira/ Sociedade
Amigos da Cinemateca.
Resultado da tese de doutorado de
Paulo Emílio Sales Gomes, defendida em 1972, este livro é um marco na pesquisa
sobre cinema no país, espécie de formação do cinema brasileiro, ao investigar a
obra pioneira e a biografia de Humberto Mauro e recriar, a partir de sua
figura, a atmosfera de uma época decisiva para as artes no país. A contribuição
da cidade de Cataguases, em Minas Gerais, e a influência da revista carioca
Cinearte na formação de Humberto Mauro são o ponto de partida para uma história
que ressoa até hoje. Com organização e posfácio de Carlos Augusto Calil, esta
Edição do Cinquentenário recupera o texto e as imagens originais, e inclui
textos críticos de Walnice Nogueira Galvão, Alfredo Bosi, Francisco Luís de
Almeida Sales (inédito) e Gilda de Melo e Sousa. Publicação da Companhia das
Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Um dos livros que deu projeção
a Lilia Guerra ganha nova edição.
Lilia Guerra conta que criou o
neologismo que dá título a este livro depois de perceber o quanto a periferia
pode causar repulsa. Os personagens deste elogiado conjunto de histórias,
partilham desse conhecimento de que habitam zonas negligenciadas das grandes
cidades. Mas se a distância da quebrada impõe novas formas de lidar com a
precariedade, as mulheres, homens e crianças deste livro transcendem toda e
qualquer limitação que porventura tente aniquilá-los. E isso tudo graças à
escrita luminosa de Lilia Guerra.
Perifobia é reeditado pela editora
Todavia.
Você pode comprar o livro aqui.
DE LÁ DE FORA
Vem aí uma coletânea com os contos de Harper Lee, a autora do cultuado O sol é para todos.
Por anos antes de publicar seu romance mais conhecido Harper Lee
escreveu contos com temas que ela exploraria mais tarde: fofocas e política de
cidades pequenas, relacionamentos ternos e tensos entre pais e filhas, relações
raciais. Ela tentou e não conseguiu publicá-los. Estudiosos e biógrafos há
muito pensam que esses contos estavam perdidos ou destruídos. Mas não. Os
textos estiveram arquivados juntamente com as cartas de rejeição, material que
foi descoberto em seu apartamento em Nova York depois da morte Lee, em 2016. No
semestre seguinte, esses contos serão publicados pela primeira vez numa
coletânea intitulada The Land of Sweet Forever. O livro, inclui oito
contos inéditos e oito textos de não ficção que Lee publicou em vários meios de
entre 1961 e 2006, incluindo um perfil de Truman Capote, também escritor e seu
amigo, uma receita de pão de milho e uma carta para Oprah Winfrey.
Livro de memórias deixado por Beatriz Sarlo ganha edição.
A intelectual argentina trabalhava nas suas memórias quando morreu em dezembro de 2024. O ponto inicial dessa trajetória está em
No entender, livro descrito como a história de como a menina nascida sob o nome de Beatriz Ercilia Sarlo Sabajanes se tornou em Beatriz Sarlo, um esboço da intimidade de sua novela familiar e os momentos iniciáticos: quando escapou da casa e do desamor da mãe, quando decidiu que seria uma intelectual, quando viveu em um sótão e conheceu uma boemia que logo seria varrida pela vanguarda do Instituto Di Tella, quando decidiu cursar Letras; sua leitura, ao lado da mãe odiosa, da figura ambivalente do pai, a quem adorava mas detestava-o pelo vício no álcool.
RAPIDINHAS
Mais Kurt Vonnegut. Juntamente
com o título
inédito apresentado neste Boletim na seção Lançamentos, a
editora Aleph reedita outros dois livros do escritor:
As sereias de Titã e
Cama de gato.
OBITUÁRIO
Morreu Affonso Romano de Sant’Anna.
Affonso Romano de Sant’Anna nasceu no dia 27 de março de 1937. Quando
estudante de Letras, na atual Universidade Federal de Minas Gerais, iniciou sua
presença nos meios literários. Imediatamente depois do curso superior, esteve
nos Estados Unidos, onde lecionou na Universidade da Califórnia e participou do
Programa Internacional de Escritores na Universidade de Iowa. A carreira
literária correu sempre em consonância com uma sólida formação acadêmica; em
1969, por exemplo, concluiu um doutorado pela UFMG abordando a poesia de Carlos
Drummond de Andrade enquanto quatro anos antes havia publicado o seu primeiro
livro de poesia,
Canto e palavra. Atuou como cronista em vários jornais,
como O
Globo,
Jornal do Brasil,
Estado de Minas e
Correio
Brasiliense. O trabalho entre o acadêmico, o literário e o jornalismo
favoreceu, assim, ao desenvolvimento de uma obra diversa, organizada em mais de
seis dezenas de títulos. No ensaio, na teoria e crítica literárias, publicou,
dentre outros
O desemprego da poesia (1962),
Drummond, o gauche no
tempo (1972),
Análise estrutural de romances brasileiros (1972),
Como
se faz literatura (1985),
Barroco: do quadrado à elipse (2000),
O
enigma vazio (2008),
Entre Drummond e Cabral (2014),
A cegueira e
o saber (2011),
Entre leitor e autor (2015) e
Experiência crítica
(2020); na poesia,
Poesia sobre poesia (1975),
A grande fala do índio
guarani (1978),
Que país é este? (1980, Prêmio Jabuti no ano
seguinte),
A catedral de colônia e outros poemas (1985),
A poesia
possível (1987),
O lado esquerdo do meu peito (1993),
Epitáfio
para o século XX e outros poemas (1997),
Textamentos (1999),
Vestígios
(2005),
A implosão da mentira e outros poemas (2007),
Sísifo desce a
montanha (2011),
A vida é um escândalo (2017); e na crônica,
A
mulher madura (1986),
Perdidos na Toscana (2009),
Como andar no
labirinto (2012) e
Quase diário: 1980-1999 (2017). Com Marina
Colasanti, a escritora que morreu em janeiro de 2025 e com quem foi casado,
Sant’Anna publicou títulos como
O imaginário a dois (1987),
Agosto de
1991: estávamos em Moscou (1991) e
Com Clarice (2013). Affonso
Romano de Sant’Anna morreu no Rio de Janeiro, no dia 4 de março de 2025.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
O diabo mesquinho, de Fiódor
Sologub
(Trad. Moissei Mountian, Kalinka, 392p.) Um professor do ginásio
de uma pequena província russa do fim do século XIX e suas peripécias em
conseguir um casamento a fim de alcançar o sonhado posto de inspetor.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
O colóquio dos cachorros,
de Cervantes
(Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra, Grua Livros, 96p.)
Por uma
noite, os cachorros Cipião e Berganza, que vivem para o Hospital da Ressurreição
de Valladolid, adquirem o dom da fala; o segundo conta sua vida enquanto o primeiro
pontua com suas observações. Sem dúvida, um marco na literatura que refere as
implicações entre o animal e o humano.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
Poesia, de Ezra Pound (Trad.
Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, José Lino Grünewald, Mário
Faustino, Vanderley Mendonça, Cobalto, 492p.) A mais completa edição com as
traduções de parte dos
Cantos realizadas pelo grupo concretista e seus
nomes mais achegados iniciadas desde os anos 1960 quando se publicou uma
primeira versão da coletânea.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
É possível saber um pouco da
trajetória de Afonso Romano de Sant’Anna pela sua própria voz
neste programa da
TV Assembleia de Minas Gerais de 2017: as suas origens, o trabalho com a
literatura (na poesia, na crônica e no ensaio), os principais livros, a vida acadêmica,
alguns convívios etc. Um perfil bem amplo.
BAÚ DE LETRAS
Na apoteose do Carnaval 2025, um dia
marcou o cinema brasileiro. Numa trajetória povoada por mais de quarenta
premiações em diversos festivais internacionais, incluindo o
feito inédito de um Globo de Ouro para Melhor Atriz de Drama,
Ainda estou
aqui, de Walter Salles, produzido a partir de registros documentais e do romance
de Marcelo Rubens Paiva (o mesmo título do filme), deu ao Brasil a primeira
estatueta do Oscar, a de Melhor Filme Internacional. Aproveitamos para recordar,
ainda na superfície do nosso arquivo,
o texto de Renildo Rene, “Walter Salles
esqueceu de comprar a televisão”.
Outros destaques deste Boletim que
podem ser aprofundados pelo nosso arquivo:
aqui, vários textos em torno da
biografia e da obra de Bruno Schulz; um dos romances de Kurt Vonnegut, escritor
duplamente referido aqui, foi comentado
neste texto —
Matadouro 5;
A
uruguaia, de Pedro Mairal foi resenhado
aqui; e
aqui várias entradas
dedicadas a Elvira Vigna sua obra.
DUAS PALAVRINHAS
Sendo um escritor crônico, estou
preso ao meu tempo: é daí que parte minha perplexidade diante da história e do
cosmos. Literatura é uma forma de transcendência.
— Affonso Romano de Sant’Anna, entrevista para o jornal Cândido.
...
Quer receber as nossas publicações diárias? Vem para o nosso grupo no Telegram
* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
Comentários