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Léon Bloy, julho de 1906. Foto: Coleção particular. |
Léon Bloy nasceu no século errado.
Muitos o compararam com os profetas mais irados do Antigo Testamento. Após ler
suas diatribes e explosões, Franz Kafka comenta: “Ele é o profeta dos tempos
modernos, diante dos quais todos os outros parecem mudos. Vitupera melhor que
os profetas; seu fogo se alimenta de todo o esterco da nossa época”. Jorge Luis
Borges concorda com essa visão: “Infelizmente para sua sorte e felizmente para
a arte da retórica, ele se tornou um especialista em injúria”. Bloy considerava
que o mundo moderno era o reino de Satanás. O demônio havia introduzido
aberrações como o sufrágio, a democracia, a tolerância, o materialismo, a
ciência, o feminismo, a república, o fonógrafo, o socialismo, o amor aos
animais e o divórcio — a máxima perversão imaginável — para destruir a herança
cristã.
Sedento de justiça e inflamado de
ira, não concebia outra salvação para o mundo que um profundo exorcismo.
Admirador de Joseph de Maistre, supremo sacerdote do pensamento
contrarrevolucionário, atribuía-se o papel de carrasco de hipócritas e
canalhas. Do seu ponto de vista, Dante é “um pensador nulo com alma de
jornalista teológico”, Victor Hugo, “um velho senil e avarento”, Tolstói, “um
célebre tolo moscovita”, e Zola, “o cretino dos Pireneus”. Entre as nações, a
França é o povo escolhido. O resto deve resignar-se a viver — em corpo e alma —
das suas migalhas. A Inglaterra é um país especialmente pérfido, “uma ilha
infame [...], quanto mais ingleses morrerem, mais resplandecerão os serafins”.
Os frutos do Iluminismo são veneno para o espírito. Por culpa dela, vivemos em “uma
sociedade sem Deus”. A Europa só se salvará retornando ao espírito da Idade
Média, onde os senhores temiam a Deus e derramavam seu sangue para salvaguardar
o pão e a liberdade de seus vassalos. O otimismo de alguns católicos é tão
ridículo e ineficaz quanto as utopias políticas. A cidade de Deus só poderá se
erguer com a ajuda da providência e o fragor da espada: “Eu só espero os
cossacos e o Espírito Santo”.
O mendigo ingrato
O “Mendigo ingrato”, um dos apodos
de Léon Bloy, nasceu em 1846 em Périgueux, Nova Aquitânia. Filho de um
engenheiro maçom, anticlerical e voltairiano, sua mãe era uma mulher
extremamente piedosa de ascendência espanhola. Em sua juventude, Bloy professou
um ateísmo raivoso e intransigente: “Houve um momento em que o ódio por Jesus e
por sua Igreja foi o único pensamento do meu intelecto, o único sentimento do
meu coração”. Aos vinte e três anos, mudou-se para Paris, onde flertou com a
Comuna e as ideias revolucionárias. Dedicou-se fervorosamente a ler Rimbaud,
Verlaine e Barbey d'Aurevilly. O encontro com este último em 1867 foi
determinante.
Elegante, refinado, reacionário, “o
Condestável das letras francesas” o fascinou à primeira vista. “O que deseja,
jovem?”, perguntou Barbey. “Contemplá-lo, senhor”, respondeu Bloy. D'Aurevilly
o acolheu sob sua proteção como secretário e, em pouco tempo, conseguiu que ele
substituísse suas convicções revolucionárias por um firme catolicismo. No
entanto, Bloy não estava destinado a se tornar um burguês com uma vida
tranquila e ordenada.
Apaixonado por uma prostituta,
conseguiu que sua amante abraçasse o catolicismo, mas a infeliz mulher
enlouqueceu e terminou seus dias em um manicômio. Bloy pediu abrigo em um mosteiro
trapista, mas o prior considerou que o lugar do escritor era o mundo e não o
retiro monástico. Bloy voltou a se apaixonar, desta vez por uma protestante
dinamarquesa com quem se casou e também a convenceu a se tornar católica. Tiveram
quatro filhos, dos quais dois morreram prematuramente devido às dificuldades
materiais.
Autodidata, Bloy aprendeu latim
por conta própria e leu incessantemente as Escrituras, adquirindo uma vasta
cultura bíblica. Começou a escrever, mas sua tendência a fazer inimigos lhe
trouxe a progressiva exclusão do parnaso das letras. Não escondia sua
intolerância: “Tudo o que não é estritamente, exclusivamente, completamente
católico, deve ser jogado no lixo”. Esse fervor não deve ser confundido com
submissão cega às diretrizes do clero.
Em seus
Diários, escreve: “Afirmo
categoricamente que o mundo católico moderno é um mundo réprobo, condenado, um
espelho de ignomínia onde Nosso Senhor Jesus Cristo não pode se olhar sem
sentir medo, como no Getsêmani”. Sua opinião sobre Lutero é infinitamente pior.
O protestantismo é uma heresia. Lutero “encarna maravilhosamente a
bestialidade, a incapacidade radical de compreender as coisas e o pútrido orgulho
de todos esses bebedores de urina de vaca”. A “urina de vaca” é a cerveja.
Bloy sabia que era impertinente e
desconsiderado: “Eu rezo como um ladrão que pede esmola na porta de uma fazenda
que quer incendiar”. Sonha em restaurar o espírito monástico dos séculos XI e
XII. Seu primeiro romance,
O desesperado (1886), é um ataque furioso
contra o modernismo religioso, que tentou reformar o catolicismo, buscando
diálogo com as novas tendências da filosofia e da ciência.
Para Bloy, a realidade é um texto
elaborado por Deus, que intervém até mesmo no mais ínfimo. A palavra divina
molda o cosmos e regula suas ocorrências. Devoto Nossa Senhora de La Salette,
aparecida a dois pastorzinhos em 19 de setembro de 1846, Bloy opinava que o
santuário de Lourdes estava supervalorizado. Inimigo da democracia liberal,
admirava Napoleão, a quem dedicou um livro,
A alma de Napoleão. Napoleão
partiu do nada e conquistou o mundo. Sua glória não lhe serviu para afastar a
solidão que o atormentou durante toda a sua vida.
Segundo Bloy, a história é um
rebento da Queda. Todo o curso da humanidade está contaminado pela sombra do
pecado. O conformismo de Paul Bourget lhe pareceu tão inaceitável quanto o
decadentismo de Huysmans. Não ignorava que escrever não é um privilégio: “Se a
Arte está na minha bagagem, pior para mim”. A teologia de Bloy é sombria,
trágica, mística: “A Pobreza é o Rosto próprio de Cristo”. Em
A mulher pobre
(1897), seu segundo romance, lemos: “O pobre sempre vencido, escarnecido,
esbofeteado, violado, amaldiçoado, destroçado, mas sem jamais morrer, jogado a
pontapés embaixo da mesa, como um lixo, sem ter uma única hora de trégua”.
Jesus, o maior Pobre, continua na Cruz. “Sua agonia durará até o fim do mundo”.
Nosso dever é permanecer vigilantes, ajoelhados e fazer penitência, sem
esquecer que todos nós crucificamos a Deus.
A literatura de Bloy exerce uma
poderosa fascinação. Após ler
A mulher pobre, Jacques Maritain e sua
esposa Raissa entraram em contato com o escritor, manifestando seu desejo de se
aproximar do catolicismo. Em uma carta, Raissa confessou que havia caído em
desespero, pois buscava a Deus e não o encontrava. Bloy respondeu: “Por que
continuar buscando, minha amiga, se já o encontrou? Como poderia você amar o
que escrevo se não pensasse e sentisse como eu?”. Os Maritain se batizaram como
católicos em 11 de junho de 1906. Léon Bloy foi o padrinho. Mais tarde, Jacques
Maritain escreveria: “Para mim, a vida se divide em duas partes: a que precede
e a que segue ao meu encontro com Léon Bloy”.
Feroz em suas opiniões, o coração
de Bloy se torna compassivo diante do espetáculo do sofrimento, particularmente
quando afeta as crianças. Desde a Queda, o mundo é uma ferida que geme
desconsoladamente. A morte alcançou Léon Bloy em 3 de novembro de 1917 em
Bourg-la-Reine. Morreu como viveu: na pobreza e com poucos amigos devido ao seu
temperamento colérico e inflexível. Penso que não era um energúmeno, mas um
louco ou, o que é quase o mesmo, uma criança.
O peregrino do absoluto
Léon Bloy disse que sua conversão
ao catolicismo o deixou preso na porta da igreja, como uma gaivota atingida por
uma flecha. Barbey d'Aurevilly o afastou daquele catolicismo brando e
sentimental que sempre lhe inspirou desconfiança. O catolicismo não é uma
doutrina amável, mas uma bigorna que forja os homens à base de marteladas.
O primeiro erro dos católicos que
contemporizam com a modernidade é traduzir a Bíblia. Deve-se ler a Vulgata,
pois “o latim é a língua de Deus, a língua do preceito e da prece. É
indiscutível que os povos, assim como as pessoas, valem na medida de sua
cultura latina”.
Autêntico mago da prosa, Léon Bloy
concebia seu estilo como uma impugnação dos lugares comuns. De fato, uma de
suas obras mais célebres é sua
Exegese dos lugares comuns, onde sua
fúria alcança cotas assombrosas de engenhosidade. Como sempre, sua ira se volta
contra a burguesia: “Os princípios nos quais cavalga o burguês são
inigualáveis, insuperáveis cavalos da morte, e ele os aloja no estábulo de seu
coração”. Estar entre burgueses é como morar “entre escolopendras e percevejos”.
Em seus
Diários, seu ódio
aos abastados, usurários e comerciantes transita por todas as formas de
opróbrio e libelo. Seus dardos também miram clássicos como a
Comédia de
Dante ou o
Quixote de Cervantes. A figura de Sancho lhe parece odiosa,
vulgar e antipoética. As visões de Dante são banais se comparadas às visões de
Ana Catarina Emmerick, a monja agostiniana que descreveu minuciosamente o Céu e
o Inferno, a Queda e o Paraíso, a vida da Virgem e a Crucificação.
Os estadunidenses se orgulham de
sua prosperidade, mas seu progresso é apenas uma forma de barbárie. Um estadunidense
debocha insolentemente da espiritualidade francesa: “Em Paris, vocês têm a
Vênus de Milo, mas em Chicago matamos cem mil porcos por dia”. Em tempos de
decadência, olhar para o passado pode ser um consolo, mas quando retornamos aos
cenários de nossa infância, muitas vezes descobrimos que as coisas já não são
as mesmas. Tudo mudou e o contraste entre nossas lembranças e o presente
destrói o sentimento de familiaridade que nos ligava — por exemplo — à nossa
cidade natal. E Bloy escreve: “Périgueux. Não faz bem voltar a ver, aos setenta
e quatro anos, as coisas amadas e admiradas na infância”. As últimas anotações
dos seus
Diários transmitem um profundo patetismo: “A dor da alma é
grande. [...] Sou tão infeliz há tantos anos”.
Bloy considerava que
A salvação
pelos judeus (1892) era sua obra mais lograda, o livro com o qual gostaria
de comparecer diante de Deus no dia do Juízo Final. Indubitavelmente, é uma
obra extraordinária, mas seus preconceitos contra o povo judeu comprometem
gravemente sua grandeza: “Do ponto de vista moral e físico, o judeu moderno
parece ser a confluência de todas as feiuras do mundo”. A Idade Média agiu com
sensatez, confinando-os em “apriscos” e impondo-lhes um vestuário infamante. Os
judeus jamais poderão ser “nossos semelhantes. [...] Judas é seu tipo, seu
protótipo e seu supertipo ou, se preferir, o encantador paradigma das ignominias
e sempiternas conjugações de sua avareza”. A salvação dos povos é retardada
pela diabólica malícia dos judeus. Sua pestilência corrompeu a alma dos povos,
substituindo o sentido da Honra pelo desprezível Crédito.
Apesar disso, Bloy se opõe à
violência contra os judeus. “Gigantes da ignomínia”, os fiéis devotos da
heroica e casta Idade Média tentaram exterminá-los, sem entender que Deus os
havia marcado com o estigma de Caim para protegê-los, proibindo que as outras
nações lhes fizessem mal. Não se pode esquecer que Jesus “era
JUDEU por
excelência de natureza — um judeu indizível! — e que, sem dúvida, havia passado
uma eternidade anterior desejando tal extração”. Os judeus são os “instrumentos
da Redenção”. Seus corações endurecidos “detestaram o POBRE com infinita
aversão”.
A pena de Bloy se inflama quando
fala de Cristo: “Ele teve como companheiros as ‘três pobrezas’, como disse uma
santa. Foi pobre em bens, pobre em amigos, pobre em Si mesmo. E isso nas
profundezas da profundidade, entre as paredes viscosas do poço do Abismo”.
Jesus não desceu da Cruz. Moribundo, continua sangrando, com seu sangue “tão
vermelho”. Não é um sofrimento estéril: “Os sofrimentos de Jesus foram o pão e
o vinho da Idade Média, sua escola primária e o pináculo altaneiro de seu
clero. Foram sua morada, seu lar cheio de brasas e faíscas, cama para nascer e
morrer e, às vezes, o paraíso de seus Santos, que não imaginavam melhor destino
do que chorar com a Mãe dos Sete Sofrimentos e o Bom Ladrão por toda a
eternidade”. Durante sua Paixão, Jesus sofreu cinco mil golpes. Esses golpes
ainda ressoam, “aumentados e multiplicados por todos os ecos da Dor da terra,
como o carrilhão dos furacões”. A dor de Cristo só cessará quando os judeus se
converterem.
Os comentários antissemitas de
Bloy são deploráveis e indignos, mas sua prosa cintila com o brilho dos
visionários que lutam contra a linguagem para expressar o indizível. Borges
incluiu
A salvação pelos judeus entre os títulos de sua biblioteca
pessoal, destacando seus prodígios verbais.
O sangue do pobre é um dos
títulos mais deslumbrantes de Léon Bloy. No prólogo que escreveu para o livro,
Georges Bernanos qualifica Bloy de “velha criança ciumenta de Deus”, destacando
sua excepcionalidade: “Este escritor, que o foi até o ponto de jamais querer
ser outra coisa, mesmo que tivesse que morrer de fome; que exerceu tantos anos
de cubículo em cubículo, de proprietário em proprietário, o Sacramento da
Literatura, será sempre um estranho para os homens de letras”.
Bernanos reconhece que às vezes
Bloy parece absurdo e obscuro: “O velho não sabe o que diz, mas o Anjo que fala
ao seu coração sabe por ele...”. O Paráclito sopra pelas páginas de seus
livros, exigindo justiça e clemência. Em
O sangue do pobre, Bloy afirma
que “a riqueza é o mais terrível anátema: os malditos que a acumulam em
prejuízo dos membros dolorosos de Jesus Cristo, [...] está reservada a Morada
dos Gritos e dos Terrores”.
Para ele, não existe riqueza
legítima: “O rico é uma fera inexorável, que só pode ser detida com uma foice
ou um pacote de metralha no ventre...”. A felicidade do rico “tem como
substância a Dor do pobre”. A ira de Bloy contra os ricos ressoa com ecos
bíblicos: “O sangue do rico é um pus fétido surgido das úlceras de Caim”. A
multidão infinita dos desesperados pede abrigo e pão, mas o rico tem o coração
duro e não se compadece. O Maior Pobre dos pobres também gemeu em vão. Teve
sede e não lhe deram de beber; teve frio e ninguém o abrigou. Conheceu a fome e
a nudez, sem que ninguém o socorresse, exceto outros pobres que lhe lavaram os
pés e o convidaram à sua mesa, compartilhando suas escassas viandas. Bloy
esclarece que “a Pobreza é o Relativo: a privação do supérfluo. A Miséria é o
Absoluto: a privação do necessário”. A Pobreza e a Miséria se encontram no
Redentor: “A Pobreza está crucificada, a Miséria é a própria Cruz. [...] Jesus
na Cruz é a Pobreza sangrando sobre a Miséria”.
A Cruz nunca deve ser suntuosa,
pois a Cruz verdadeira foi negra e baixa. O Pobre agonizou entre criminosos,
rodeado de imundícies e fedores. A riqueza não pode se chamar cristã sem
ejacular sobre a miséria. O Pobre se aqueceu com o sopro de dois animais, e sua
Mãe cobriu sua nudez com trapos. O casamento de José e Maria decorreu entre
toda sorte de dificuldades. Quando fugiram para o Egito, pediam em vão às
portas das hospedarias. Suas vidas duras e ingratas são uma lição de humildade.
Os padres que vivem na opulência são “cloacas de impureza” que atravessam com
seu fel o lado de Nosso Salvador. As burguesas satisfeitas são harpias com “estômago
de abutre” e intestinos de rato.
Muitos acreditam ser virtuosos
porque não mataram nem roubaram, mas suas vidas contêm “um tesouro de
iniquidades”. Um modesto colar de pérolas é um crime: “sessenta criaturas que
são a imagem do Senhor” poderiam ser alimentadas com seu preço. O céu chora com
o sofrimento dos pobres. Só na França, há seis milhões de trabalhadoras, “uma
multidão apocalíptica” de criaturas famintas que trabalham, sofrem e morrem
para garantir o deleite de alguns. Em alguns lugares, há freiras que
supervisionam a exploração dos trabalhadores. Essas “virgens consagradas” são
“tão secas quanto os ramos do diabo”. As crianças que empalidecem nas fábricas
e minas trabalham até a exaustão para manter a vida de luxo e excessos dos
preguiçosos refinados. O comércio é uma atividade de rufiões, “um verdadeiro
sacrilégio”. A idolatria do dinheiro só pode ser erradicada seguindo as
instruções de Jesus ao jovem rico que queria ser perfeito. Os ricos devem abrir
mão de suas posses. Não é um conselho, mas um preceito. Não fazer isso
significa desobedecer a Deus. Aquele que se apega à sua propriedade se
arrependerá para sempre. Em vez disso, os pobres, glorificados por Deus, rirão
no Último Dia.
O radicalismo de Léon Bloy é
assustador. Ele é um escritor inoportuno. Sua palavra fustiga os ricos e os
poderosos. Seu estilo é arcaico e hermético. Autodidata e apaixonado por
dicionários, ele resgata palavras caídas em desuso, cultivando um prazer
sensual que vai além do esteticismo decadente. Ele não é um maldito ou um
simbolista, mas um panfletário que usa palavras para expor a miséria do mundo
moderno. Em uma época de crescente ceticismo religioso, Bloy recorre à fé para
levantar sua voz contra a ciência e o progresso. Seu ódio pela Terceira
República, repleta de escândalos, é uma revolta contra uma burguesia que está
enriquecendo às custas de baixos salários. Ele sonha em renovar o catolicismo.
Sua fé é mística, impaciente e febril. Nostálgico pela Idade Média, ele
proclama: “Não sou contemporâneo e nunca me senti em casa”. Sonhador, inconformado,
intempestivo, toda a sua existência foi uma peregrinação rumo ao absoluto:
"Só há uma tristeza — confessou —, a de não ser santo”.
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