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Chimamanda Ngozi Adichie. Foto: M Le Magazine du Monde |
LANÇAMENTOS
Brasil está no circuito que
receberá em primeira mão o novo romance de Chimamanda Ngozi Adichie.
Em
A contagem dos sonhos, Chiamaka
é escritora de livros de viagem e vive nos Estados Unidos. Sozinha durante a
pandemia, ela relembra os relacionamentos do passado e pondera sobre suas
escolhas e seus arrependimentos. Zikora, sua melhor amiga, é uma advogada que
foi bem-sucedida em tudo, até que, após ter o coração partido, busca a ajuda de
quem achou que menos precisava. Omelogor, prima de Chiamaka, é uma gênia das
finanças na Nigéria que começa a questionar o quanto se conhece de verdade. E
Kadiatou, empregada de Chiamaka, cria com orgulho a filha nos Estados Unidos —
mas precisa lidar com uma provação inconcebível que ameaça tudo o que ela
trabalhou para conseguir. Com este romance, Chimamanda Ngozi Adichie volta seu
olhar arguto a essas mulheres, numa narrativa brilhante que discute a própria
natureza do amor. A verdadeira felicidade é de fato alcançável? Ou é apenas um
estado passageiro? E quão honestos devemos ser com nós mesmos para amar e ser
amados? Uma reflexão incisiva sobre as escolhas que fazemos e aquelas feitas
por nós, sobre filhas e mães, sobre nosso mundo interconectado,
A contagem
dos sonhos pulsa com urgência emocional e observações pungentes e
inflexíveis sobre o coração humano, em uma linguagem que se eleva com beleza e
poder. Isso confirma o status de Adichie como uma das escritoras mais
fascinantes e dinâmicas da cena literária hoje. Com tradução de Julia Romeu, o
livro é publicado pela Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
René Char, autor de uma obra
que marcou diversos e importantes nomes dentro e fora do seu tempo, está no
catálogo da Editora 34.
Ao ler os aforismos de
O dia e
a noite, Roberto Bolaño não hesitou: este é “um livro precioso”. Redigidos
ao longo de décadas e publicados depois da Segunda Guerra Mundial, os
pensamentos de Georges Braque (1882-1963) são fruto de uma lenta decantação
verbal de sua experiência humana e artística. Pois Braque, nome central da
pintura moderna, parceiro de Picasso na aventura do cubismo, artista fértil e
longevo, foi também homem de letras. Próximo de grandes poetas como Pierre
Reverdy e René Char, leitor patente da longa tradição francesa das máximas e
sentenças, o pintor é capaz tanto de formulações oraculares (“Sensação,
revelação” ou “O perpétuo e seu sussurro de nascente”) como de apontamentos
sibilinos (“O conformismo começa pela definição” ou “As provas exaurem a
verdade”). Mas o leitor não encontrará aqui um corpo organizado de doutrina,
pois o essencial para Braque é “ter sempre duas ideias, uma para destruir a
outra” e, com isso, estar à altura do mandamento máximo para a vida e para a
criação: “manter a cabeça livre: estar presente”. Atingido esse estado,
extintas “todas as veleidades”, nós talvez percebamos que “tudo é sono ao nosso
redor” — e que “a realidade só se revela quando iluminada por um raio poético”.
Com texto em apêndice de Brassaï, tradução de Samuel Titan Jr., o livro é
publicado pela Editora 34.
Você pode comprar o livro aqui.
Após uma década, Débora Ferraz
retorna ao romance.
O sombrio coração da inocência
explora os ecos de uma tragédia e os silêncios que redefinem a vida de uma
pequena cidade. No interior da Paraíba, no ano 2000, duas irmãs adolescentes
morrem afogadas em um rio de águas rasas. Vinte anos depois, Tito Limeira,
ex-colega das jovens e hoje repórter investigativo, decide revisitar o caso.
Com o desejo de entender o passado e fugir de uma vida familiar sufocante em
João Pessoa, ele embarca para Norwich, na Inglaterra, em busca de Daniel,
testemunha das mortes e possível suspeito. Muito além de uma investigação sobre
“quem matou?”,
O sombrio coração da inocência envereda por um caminho
tortuoso e complexo: aquele dos sentimentos indomáveis e impulsos violentos da
adolescência. Ao fazê-lo, embaralha os papeis de vítimas e algozes e traz à
superfície o que havia sido encoberto ― e que, ao extremo, pode levar ao abismo.
Publicação da editora DBA.
Você pode comprar o livro aqui.
Obra inédita, Poesia mundi
reúne,
completamente revistos, os poemas do escritor, poeta, ensaísta, tradutor e
professor Marco Lucchesi, ao longo de sua notável trajetória literária.
Entre as obras incluídas nesta
edição, destacam-se:
Bizâncio (1997),
Alma Venus (2000),
Sphera
(2003),
Meridiano celeste (2006),
Bestiário (2006),
Clio
(2014),
Hinos matemáticos (2015),
Mal de amor (2018),
Maví
(2021) e
Microcosmo (2023). Além disso, a edição traz três livros
inéditos:
Quartetos,
Mar Mussa e
Al-Maarri: Vestígios. Desde
muito jovem, a poesia de Lucchesi foi influenciada por grandes nomes da
literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano de
Sant’Anna, Ferreira Gullar e Haroldo de Campos. Com o tempo, seu estilo poético
não apenas refletiu essas influências, mas também conquistou o reconhecimento
de intelectuais de renome, tanto no Brasil — como Alfredo Bosi, Benedito Nunes
e Eduardo Portella — quanto no mundo, com a admiração de nomes como Umberto
Eco, Mario Luzi, Claudio Magris, Mahmud Darwich, Dinu Flamând e Mark Strand. Lucchesi
possui uma estética que mergulha, com tranquilidade, em erudição, memorialismo
e na exploração de línguas e linguagens múltiplas. Sua poesia, por vezes
levemente autobiográfica, se distingue pela originalidade e profundidade,
estabelecendo um diálogo singular entre tradição e inovação. A harmonia dos
ritmos presentes neste
Poesia mundi conduz o leitor por desdobramentos
que ora se voltam a uma tendência para a solidão, ora a questões direcionadas
para o amor e suas contradições. Subjaz, na unidade da obra, uma dialética que
envolve os sentidos mais profundos da natureza humana. A poesia brasileira
apresenta uma multiplicidade de tendências e perspectivas. Talvez tenha sido em
finais do século XIX e a partir do século XX que ela pôde mostrar, em grande
parte, com mais brilho e nitidez, a multiplicidade de suas vozes. A obra poética
de Marco Lucchesi — e, neste sentido,
Poesia mundi: novos poemas reunidos
— é um testemunho vivo deste processo, no diálogo com os clássicos e modernos,
uma voz tão singular na poesia contemporânea. Publicação da editora Record.
Você pode comprar o livro aqui.
Em novo livro traduzido no Brasil,
Adriana Cavarero discute como nossa identidade é tanto descoberta quanto
moldada pelas histórias que ouvimos e contamos.
Quem poderá dizer quem eu sou? E
quem poderá contar a minha história? Enquanto a filosofia, desde Platão, busca
o universal abstrato, a narração ― atividade encarnada na figura feminina de
Sherazade, a tecelã dos contos ― volta-se para os detalhes de uma história
única, irrepetível. A delicada arte da narração confere a cada ser o seu
desenho unitário em um espaço sempre relacional, exposto ao olhar e à história
do outro. A filósofa Adriana Cavarero discute nesta obra, citada e celebrada
por Elena Ferrante em seu livro de ensaios, como nossa identidade é tanto
descoberta quanto moldada pelas histórias que ouvimos e contamos. É por meio da
narração que conseguimos dar sentido às experiências e organizar as memórias
que formam quem somos. Em uma fina análise de obras literárias, poesia, mitos
antigos e evocando as práticas feministas italianas de grupos de
autoconsciência, Cavarero elabora uma “filosofia da narração” que, confiada às
mulheres e ao amor a vida, se apresenta como antídoto para o pensamento
masculino, dedicado à definição abstrata e à morte.
Olha-me e narra-me:
filosofia da narração sai pela editora Bazar do Tempo; a tradução é de
Milena Vargas.
Você pode comprar o livro aqui.
Um diário que testemunha o
andamento de uma guerra que alcança três anos em 2025.
Na madrugada de 24 de fevereiro de
2022, o escritor Andrei Kurkov foi acordado, em seu apartamento perto do centro
histórico de Kyiv, com o barulho de explosões. Foram três. Uma hora mais tarde,
outras duas. Eram mísseis russos, num ataque coordenado em vários pontos do
país. Daquele momento em diante, a guerra passou a determinar seu modo de vida,
seu jeito de pensar, seu jeito de tomar decisões. No dia seguinte, Kurkov
deixou a capital sob ataque, se enfiou nas estradas congestionadas e partiu
rumo a oeste. O escritor mais célebre do país, com dezenas de livros publicados
e traduzido em mais de quarenta idiomas, tornava-se assim um dos milhões de
desalojados ucranianos. Dias depois, refugiado com a família no apartamento de
uma senhora que não os conhecia, ele abandonou a escrita de um romance para
registrar, na forma de um diário, o que estava acontecendo. A seleção de mais
de dois anos desses registros está em
Ucrânia: diário de uma guerra, que
a Carambaia lança com tradução de Marcia Vinha e Renato Marques.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição da obra que reúne
uma peça-chave do pensamento de Susan Sontag acerca da imagem.
Imagens do sofrimento são
apresentadas diariamente pelos meios de comunicação. Graças à televisão e ao
computador, imagens de desgraça se tornaram uma espécie de lugar-comum. Mas
como a representação da crueldade nos influencia? O que provocam em nós exatamente?
Estamos insensibilizados pelo bombardeio de imagens? Em
Ensaios sobre a
fotografia, publicado no Brasil no começo dos anos 1980, Susan Sontag
abordou o tema em termos que definiram o debate pelas décadas seguintes. Em
Diante
da dor dos outros ela faz uma nova e profunda reflexão sobre as relações
entre notícia, arte e compreensão na representação dos horrores da guerra, da
dor e da catástrofe. Discutindo os argumentos sobre como essas imagens podem
inspirar discórdia, fomentar a violência ou criar apatia, a autora evoca a
longa história da representação da dor dos outros — desde
As desgraças da
guerra, de Francisco de Goya (1746-1828), até fotos da Guerra Civil
Americana, da Primeira Guerra Mundial, da Guerra Civil Espanhola, dos campos
nazistas de extermínio durante a Segunda Guerra, além de imagens contemporâneas
de Serra Leoa, Ruanda, Israel, Palestina e de Nova York no 11 de setembro de
2001. Num texto preciso e provocador, Sontag levanta questões cruciais para a
compreensão da vida contemporânea. De sua reflexão surge uma formulação
surpreendente e desafiadora: a relevância dessas imagens depende, em última
instância, da maneira com que nós, espectadores, as encaramos. A tradução de
Rubens Figueiredo é reeditada pela Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Coleção Estudos Saramaguianos 1.
Editada pela editora Moinhos desde 2018 com coordenação de Pedro Fernandes de
Oliveira Neto, o quarto título da coleção dedicada a pensar e discutir a obra
de José Saramago recupera um dos primeiros estudos acerca do romance
O
Evangelho segundo Jesus Cristo.
Coleção Estudos Saramaguianos 2.
O livro de Conceição Flores ganha, pela primeira vez, projeção nacional de circular restrita edição por uma editora
universitária há mais de décadas. Revisto e ampliado, o livro examina o romance que esteve entre os fatores para a retirada de Saramago do seu país privilegiando os vínculos com o mito cristão.
Mais do cubano Alejo Carpentier.
A Pinard soltou o primeiro projeto a ser financiado pelos seus leitores em
2025. Trata-se do romance
O recurso do método. O livro regressa com nova
tradução. A campanha está aberta na Catarse.
Vem aí, Jean Genet. Walter Porto, da
Folha,
anunciou que a partir do segundo semestre a editora Todavia iniciará a recondução da obra do escritor francês às livrarias. A previsão é que em agosto saia
Nossa Senhora das Flores. Outros três títulos estão previstos para a partir do ano seguinte:
O milagre da rosa,
Querelle e
Diário de um ladrão.
OBITUÁRIO
Morreu Maria Teresa Horta.
Maria Teresa Horta nasceu a 20 de
maio de 1937, em Lisboa, cidade onde construiu sua carreira literária e passou
toda a vida. Mormente reconhecida entre as autoras das
Novas cartas
portuguesas, publicação que em 1972 pisou nos modos arcaicos do
conservadorismo alimentado pela ditadura, a escritora se afirmou entre os nomes
mais importante para a literatura portuguesa do século XX. A sua obra inclui
prosa e poesia e é neste último gênero que se afirma o seu reconhecimento.
Espelho
inicial, o primeiro livro saiu em 1960 e depois mais de duas dezenas de
outros títulos;
Amor habitado (1963),
Minha senhora de mim
(1967),
Educação sentimental (1975),
As mulheres de Abril (1976),
Rosa sangrenta (1987),
Destino (1998),
Inquietude (2006),
Poemas
para Leonor (2012),
Anunciações (2016),
Poesis (2017) e
Estranhezas
(2018) são alguns deles. Na prosa, estão, entre outros,
Ambas as mãos sobre
o corpo (1970),
Ana (1974),
Ema (1984),
A paixão segundo
Constança H. (1994),
As luzes de Leonor (2011),
Meninas (2014)
e
Quotidiano instável (2019). Em 2004, foi agraciada com o grau de
Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República de
Portugal. Maria Teresa Horta morreu no dia 4 de fevereiro de 2025.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
O louco do Cati, de Dyonélio
Machado (Todavia, 320p.) Situada na ditadura Vargas, a narrativa segue a
interrompida aventura de dois brasileiros quando intentavam correr o litoral do
Sul e são pegos pelo regime militar que os levam para a prisão no Rio de
Janeiro.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
Em memória da memória,
de Maria Stepánova
(Trad. Irineu Franco Perpétuo, Poente, 520p.) Uma mulher
passa em revista um passado pessoal que se confunde com a história coletiva
através do diálogo com uma série de documentos encontrados no apartamento de
uma tia recém falecida.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
Vida, velhice e morte de uma
mulher do povo, de Didier Eribon
(Trad. Luzmara Curcino, Âyiné, 320p.)
A partir de uma sentença médica que impele o escritor a internar mãe numa
instituição de cuidados contínuos, acontecimento que culmina na sua morte, este
romance é a travessia do luto pela reimaginação da vida de uma mulher comum que,
sem o poder da palavra, seria uma a mais na extensa lista das vidas desperdiçadas.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Sophie Oliver, do Departamento de Inglês da Universidade de Liverpool,
revelou a descoberta de dois poemas de Virginia Woolf. “Angelica” e “Hiccoughs”
foram compostos para os sobrinhos Angelica e Quentin Bell em 1927. Rascunhados e
com várias revisões, a descoberta confronta a frequente rejeição da romancista
pela poesia como expressão artística. Os textos denunciam o seu ponto de vista
ao privilegiar aspectos como a descrição bem-humorada ou o jogo com palavras,
demonstrando que o poema serve ao capricho do quem escreve. Os dois manuscritos
pertencem ao arquivo de Woolf no Harry Ransom Center, da Universidade do Texas,
em Austin, Estados Unidos. Os dois arquivos podem ser apreciados
aqui.
BAÚ DE LETRAS
Praticamente desconhecida dos
leitores no Brasil, Maria Teresa Horta é, como sublinhamos na nota de obituário,
autora de uma obra singular para literatura portuguesa no último século. Sublinhamos
algumas publicações no
Letras que assinalam a literatura de Teresa
Horta.
1. Uma
resenha do seu romance
A
paixão segundo Constança H. composta por Antonio Bezerra de Mesquita e Verônica Martins da Silva.
2. Um
ensaio do poeta e acadêmico Márcio de Lima Dantas que passa em revista
alguns dos livros de poesia de Maria Teresa Horta.
3. Uma
resenha de Eduardo Pitta, poeta português de alguma maneira ligado à Teresa Horta, assinala a
reedição em seu país das
Novas cartas portuguesas.
4. E uma
crônica em que Pedro
Fernandes recorda o primeiro encontro com Maria Teresa Horta, em 2009.
DUAS PALAVRINHAS
Acho que a literatura é uma forma
de conectar as pessoas. Acho que ler histórias é uma forma de construir uma conexão.
E acho que saber que se está sozinho no mundo é uma coisa muito poderosa.
— Chimamanda Ngozi Adichie
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