Boletim Letras 360º #619
Osman Lins. Arquivo O Globo. |
LANÇAMENTOS
A terceira edição de Guerra
sem testemunhas, de Osman Lins.
O livro de ensaios de Osman Lins não
dispensa os recursos da ficção. Publicado originalmente em 1969, o consagrado
autor de Avalovara, e de outras obras conhecidas do grande público, como
Lisbela e o prisioneiro, elege como tema os instrumentos fundamentais de
sua ação no mundo: a escrita e o livro. Osman Lins reflete de forma original e
sem mistificação sobre o ofício do escritor, indo do trabalho criativo até o
mercado editorial, a circulação das obras, a crítica e sociedade, em uma visão
ampla e, ainda hoje, provocativa. Com organização e notas de Fábio Andrade, a
nova edição é publicada pelas editoras UFPE e Cepe. Você pode comprar o livro aqui.
O novo livro de Evandro Affonso Ferreira.
O jovem Diadorino, personagem central desta narrativa, está encolhido embaixo da mesa, apavorado. Nascido na brutalidade sertaneja, sofre com as surras constantes aplicadas pelo coronel que o criou, enfurecido pela delicadeza de seus traços, que lembram os da mãe, e, portanto, os de uma mulher. A narradora da história é a única pessoa que compreende o drama de Diadorino. Ela sabe de seu principal desejo: a transição para o gênero feminino. De várias formas, a voz que narra o incentiva a sair do esconderijo e seguir sua vontade. Em primeiro lugar, promete-lhe a proteção e a segurança geradas pela própria conversa que estão tendo — e que é o livro em si: “vem, entra logo aqui nas protetoras páginas deste livro abrigo [...] vem, jagunço nenhum entra aqui.” Ela também recorre a histórias feitas sob medida para tirar Diadorino da paralisia. Nesses casos, toda uma galeria de personagens do universo ficcional de João Guimarães Rosa é mobilizada para forçá-lo a se mexer, indo muito além da simples coincidência de seu nome com o da personagem de Grande sertão: veredas. Por fim, a mulher narradora enaltece outras mulheres, grandes feministas e libertárias de todos os tempos: artistas, ativistas e pensadoras — como Billie Holiday, Angela Davis, entre muitas outras. Dentre elas, há um quinteto que se destaca: Simone de Beauvoir, Rosa Luxemburgo, Hannah Arendt, Edith Stein e Anna Akhmátova. Para virar um sexteto, falta Diadorina. A narradora instiga o rapaz a fazer a transição: “vem completar esse novo sexteto feminino e feminista e socialista e espiritualista [...].” E talvez o jazz seja mesmo um bom atalho para se entender o estilo único de Evandro Affonso Ferreira, sua dicção tão particular e a importância que dá à sonoridade do fraseado. Suas palavras formam um improviso altamente técnico, com temas e variações se sucedendo, e as notas, ou sílabas, se encadeando, ecoando umas nas outras. Vez em quando, Billie Holiday é, portanto, como um solo de saxofone: belo, imprevisível e cheio de invenção. Publicação da editora Record. Você pode comprar o livro aqui.
O jovem Diadorino, personagem central desta narrativa, está encolhido embaixo da mesa, apavorado. Nascido na brutalidade sertaneja, sofre com as surras constantes aplicadas pelo coronel que o criou, enfurecido pela delicadeza de seus traços, que lembram os da mãe, e, portanto, os de uma mulher. A narradora da história é a única pessoa que compreende o drama de Diadorino. Ela sabe de seu principal desejo: a transição para o gênero feminino. De várias formas, a voz que narra o incentiva a sair do esconderijo e seguir sua vontade. Em primeiro lugar, promete-lhe a proteção e a segurança geradas pela própria conversa que estão tendo — e que é o livro em si: “vem, entra logo aqui nas protetoras páginas deste livro abrigo [...] vem, jagunço nenhum entra aqui.” Ela também recorre a histórias feitas sob medida para tirar Diadorino da paralisia. Nesses casos, toda uma galeria de personagens do universo ficcional de João Guimarães Rosa é mobilizada para forçá-lo a se mexer, indo muito além da simples coincidência de seu nome com o da personagem de Grande sertão: veredas. Por fim, a mulher narradora enaltece outras mulheres, grandes feministas e libertárias de todos os tempos: artistas, ativistas e pensadoras — como Billie Holiday, Angela Davis, entre muitas outras. Dentre elas, há um quinteto que se destaca: Simone de Beauvoir, Rosa Luxemburgo, Hannah Arendt, Edith Stein e Anna Akhmátova. Para virar um sexteto, falta Diadorina. A narradora instiga o rapaz a fazer a transição: “vem completar esse novo sexteto feminino e feminista e socialista e espiritualista [...].” E talvez o jazz seja mesmo um bom atalho para se entender o estilo único de Evandro Affonso Ferreira, sua dicção tão particular e a importância que dá à sonoridade do fraseado. Suas palavras formam um improviso altamente técnico, com temas e variações se sucedendo, e as notas, ou sílabas, se encadeando, ecoando umas nas outras. Vez em quando, Billie Holiday é, portanto, como um solo de saxofone: belo, imprevisível e cheio de invenção. Publicação da editora Record. Você pode comprar o livro aqui.
Livro reúne textos que perpassam toda a trajetória de Lord Byron com a escrita, apontando respostas ao motivo que fizeram do escritor um expoente do romantismo.
Lord Byron (1788-1824) foi um ícone do Romantismo inglês e trilhou uma trajetória poética
rica e diversificada, marcada por uma profunda exploração das emoções humanas e
da condição existencial. Em Poemas, cartas, diários & c, com
organização, tradução e introdução de André Vallias, os textos perpassam seis
fases distintas da vida do poeta, mostrando com que evoluiu sua escrita,
moldada por experiências e eventos que marcaram sua vida. Na infância e
juventude (1798-1809) seus primeiros versos foram influenciados pelos clássicos
e pelos poetas românticos de sua época, revelando um jovem melancólico e
introspectivo, explorando temas como amor, perda e a beleza da natureza. Mais
adiante (1809-1811), Byron alcançou fama internacional. Os poemas desta fase
refletem suas viagens pela Europa, explorando temas como a solidão, o tédio e a
busca por sentido na vida. Já consolidado como um dos poetas mais populares da
Inglaterra, entre 1811-1816, seus versos tornaram-se mais sombrios e satíricos,
abordando temas como política, sociedade e hipocrisia. Após ser exilado
(1816-1819), o inglês encontrou refúgio na escrita, refletindo sua solidão e
isolamento, explorando temas como a natureza, a morte e o amor. Nos últimos
anos de vida (1819-1823), se torna uma verdadeira celebridade literária. Seus
escritos geraram termos como “byromania” e “byronismo”, atestando sua imensa
popularidade na cultura da época, que teima em não desaparecer. A obra de Byron
é um reflexo de sua vida intensa e turbulenta. Seus poemas, marcados por uma
grande variedade de temas e estilos, o consagraram como um dos maiores poetas
do Romantismo, deixando um legado que continua a inspirar e fascinar leitores
até os dias de hoje. Publicação da editora Perspectiva. Você pode comprar o livro aqui.
Esta é uma edição de recesso, por isso o Boletim Letras 360º é apresentado sem as seções complementares desta publicação.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
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