LANÇAMENTOS
Os leitores brasileiros iniciam
2025 com um novo livro do escritor português Gonçalo M. Tavares.
O diabo está a rondar a casa. E
pelas mãos de Gonçalo M. Tavares, ele vem se juntar ao universo literário das
Mitologias ao lado de personagens como os Doze-Apóstolos-de-Bicicleta, os
Nómadas, os Meninos, o Homem-Que-Quando-Fala-Não-se-Entende-Nada e o Povo-Armazenado.
Neste espaço imaginário de possibilidades infinitas, a verdade científica e sua
lógica pouco importam, com narrativas e tipos que só obedecem regras próprias
se cruzando e nos conduzindo por uma dimensão de originalidade poucas vezes
vista.
O diabo é publicado pela editora Dublinense.
Você pode comprar o livro aqui.
O novo romance de Sidney Rocha.
No tecido intricado da literatura,
encontramos romances que não apenas nos envolvem em narrativas cativantes, mas
também nos desafiam a refletir sobre os grandes dilemas que permeiam a condição
humana.
O melhor dos mundos, obra do notável escritor Sidney Rocha, cujo
zelo pela linguagem e aversão aos lugares-comuns são inconfundíveis, emerge
como uma jornada pela complexidade da vida, da morte e dos dilemas éticos,
diante da “morte pacífica”. O título por si só evoca uma dualidade intrigante:
o que realmente constitui o “melhor” em um mundo onde as escolhas muitas vezes
se entrelaçam com o sofrimento e a inevitabilidade da morte? É neste ponto de
interseção que somos lançados para este romance que nos convida a confrontar
nossas próprias convicções e questionar os limites éticos de nossas decisões. Central
para o enredo está o tema complexo da eutanásia, um tópico que transcende a
mera discussão médica e legal, adentrando as profundezas do bem, do mal, do
mundo que pode, ou não, ser corruptível: a autonomia do indivíduo
versus
os laços que nos unem, a compaixão
versus o respeito à vida, o desejo
pelo alívio do sofrimento
versus o temor do desconhecido além da morte. O
livro é publicado pela editora Iluminuras.
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A editora Fósforo abre o seu
catálogo de 2025 com um novo romance de Brandon Taylor.
Desde a sua estreia na ficção com
o romance
Mundo real, Brandon Taylor vem se destacando como um cronista
excepcional de nosso tempo. Descrito por Roxane Gay como “um escritor que
exerce sua arte de maneiras absolutamente inesquecíveis”, o estadunidense eleva
suas habilidades em
Vidas tardias ao criar, com destreza e
sensibilidade, um mosaico de personagens, a maior parte deles jovens negros e
gays, que são retratos fidedignos das angústias e incertezas da geração
milllenial.
Em meio às ruas, aos bares e ao campus universitário de Iowa City, circula um
grupo singular do último ano da pós-graduação. Entre escritores, dançarinos e
músicos estão Seamus, um jovem poeta que não esconde dos colegas suas opiniões
afiadas; Ivan, que precisou abandonar a carreira na dança depois de um golpe do
destino e passou a recorrer à pornografia amadora; Noah, um bailarino cuja
personalidade o deixa exposto a relacionamentos tempestuosos; e Fatima, que,
cercada por julgamentos dos outros, precisa conciliar turnos de trabalho em um
café com os ensaios de dança na faculdade. Os quatro são confrontados por um
elenco de professores, namorados, vizinhos e colegas que levam ao limite os
dilemas relacionados à identidade e à carreira. Envolta em preocupações com o
futuro, frustrações com a vida artística e buscas por conexão e
autoconhecimento, essa constelação de vidas mostra as forças multifacetadas que
operam no presente — a falta de horizonte, as diferenças de gênero e classe, o
racismo e a precarização —, que estão refletidas nas personalidades, nas
escolhas e nos relacionamentos desses jovens inquietos e talentosos. Com
Vidas
tardias, Taylor conduz a literatura contemporânea a novos rumos e
estabelece diferentes parâmetros para o que ela é capaz de desdobrar. O livro tem
tradução de Floresta.
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Livro de Stefano Volp toca em
feridas profundas e exemplifica o quanto o sistema patriarcal, além de rebaixar
qualquer outro gênero que não o masculino, precariza a subjetividade dos
próprios homens.
Uma onça mata um homem no meio da
floresta. Enquanto a família se organiza para enterrar o patriarca, a narrativa
costura entre os personagens uma colcha de memórias, desprazeres e suspeitas,
interseccionando o luto com temas urgentes como as masculinidades negras, a
violência doméstica e a dominação masculina. Três irmãos, Alan, Alex e Betina,
se reúnem para organizar o velório do pai, Zé Maria, após sua morte trágica.
Enquanto a cidade realiza uma procissão para se despedir de um morador
benquisto, Rute, a mãe, e os três filhos atravessam as complexidades do luto:
apesar da saudade, o patriarca deixou na família marcas de violência e
opressão. Com alternância de vozes e perspectivas, a construção narrativa
explora o terreno das masculinidades negras e revela as facetas da violência de
gênero em suas múltiplas formas, investigando as dores provocadas pela
sociedade machista. Volp faz aqui uma incursão ousada em um gênero novo,
estreando no romance contemporâneo e experimentando uma linguagem distinta das
que já explorou em suas obras anteriores.
Santo de casa sai pela editora
Record.
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A estreia literária de Felipe
Poroger.
Filho de pais separados — pelo
divórcio e por origens culturais completamente distintas —, o narrador desta
estreia luminosa de Felipe Poroger apresenta alguns pensamentos fixos na vida:
seus cinquenta por cento de sangue judaico a correr nas veias, as célebres
aventuras do jovem inglês que descobre aos onze anos que tem poderes de bruxo,
seu lugar na história humana meio século depois do genocídio da Segunda Guerra
e, claro, a sexualidade. Personagem de si mesmo, ele conta a história de sua
vida desde a concepção, passando pela infância, o bullying escolar, a
descoberta do desejo e da genitália — a sua e a dos outros. De certa forma ele
é, como todos nós, um sobrevivente: alguém que consegue se levantar todos os
dias a despeito das neuroses familiares, das pressões da vida escolar, da
vergonha, dos afetos danificados ao longo da vida e das mudanças no próprio
corpo com a chegada da puberdade. Sua resposta a tudo isso é, num primeiro
momento, mergulhar na fantasia. E reescrever — numa prosa que parece amalgamar
a influência dos livros de Philip Roth e de J.K. Rowling — a própria história. Com
veia satírica, ritmo veloz e um olhar devastador e mordaz sobre as ilusões que
criamos para nós mesmos, este romance observa sobretudo as hipocrisias das
relações familiares, tendo a adolescência como o maior desafio mortal a ser
atravessado e superado — para que então se possa sobreviver à vida adulta. Uma
narrativa audaciosa que consegue encapsular de forma surpreendente a trajetória
pessoal e coletiva, a realidade e a ficção que parecem brotar dos livros de
aventura.
Alguém sobrevive nesta história sai pela editora Todavia.
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REEDIÇÕES
A Companhia das Letras reúne os
três volumes da trilogia autobiográfica de J.M. Coetzee em edição revista pelo
autor.
No primeiro destes três relatos autobiográficos,
Infância, um narrador seco e distante conta, sempre no presente, a dura
experiência de isolamento de um garoto sul-africano. Em uma sociedade baseada
na violência, o menino John encontra refúgio numa aguda introspecção, e o
leitor testemunha o desenvolvimento de uma personalidade fechada e solitária, a
um só tempo herdeira e vítima da brutalidade circundante. Já em
Juventude,
acompanhamos o jovem John, aspirante a poeta e recém-formado em matemática, que
deixa a África do Sul rumo a Londres em busca de seu sonhado destino de
escritor. Enquanto espera a chegada de uma paixão avassaladora — e o momento de
ser ungido pelo talento e pela inspiração —, precisa lidar com suas origens e
sua condição de estrangeiro. Em
Verão, por fim, a vida do recém-falecido
escritor John Coetzee será objeto de pesquisa de Vincent, um biógrafo inglês
interessado em traçar um retrato afetivo, íntimo e humano do autor. Sem ter
conhecido pessoalmente o biografado, Vincent consulta cadernos de anotações em
que ele registrou fragmentos de memórias e toma depoimento de pessoas que
conheceram John quando este vivia um período difícil de readaptação a uma
África do Sul convulsionada pela segregação racial. Construída com maestria, a
imagem que emerge dessas três narrativas nos revela um personagem que se torna
mais complexo a cada parágrafo. A memória pessoal nunca alcançou tamanha força
narrativa como neste projeto. E não seria exagero afirmar que através das
palavras de J.M. Coetzee a literatura tem realizado seu maior triunfo em nosso
tempo. Traduções de Luiz Roberto Mendes Gonçalves e José Rubens Siqueira.
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