“Dias de pedra”, de Isabelle Scalambrini: uma herança poética

Por Wesley Sousa A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos. — George Bernard Shaw Em Como ler um poema , Terry Eagleton define que o material ao qual chamamos de “poema” tem certas características mais ou menos consensuais. No aspecto da criação e da técnica criativa, ele menciona da seguinte maneira: “Um poema é uma declaração moral, verbalmente inventiva e ficcional, na qual é o autor, e não a impressora ou o processador de textos, que decide onde terminam os versos” (p.32, tradução minha) Iniciar com esta afirmativa é, aqui, quase uma obviedade se vista de imediato. A cadência dos versos, a rítmica que se sobrepõe às rimas etc. não é algo simples — e a poética pressupõe uma conexão maior do que o ímpeto formal de deslocamento sintático e do verso. O poema, mesmo se fosse algo fácil de escrever, disso não deriva que a poesia que emerge nos versos seja clara quanto se pensa. Para o crítico inglês: “É certo que a prosa ge...