Postagens

Mostrando postagens de 2025

Boletim Letras 360º #617

Imagem
  Adília Lopes. Foto: Joana Dilão   LANÇAMENTOS   O primeiro importante lançamento de 2025? Este romance desafia a ideia de progresso e nos confronta com a pergunta: o que realmente importa quando tudo o que resta é sobreviver?   Ao acordar sozinha no chalé de caça onde estava hospedada nos Alpes austríacos, a narradora deste romance descobre-se cercada por uma barreira invisível e intransponível. Do outro lado, o mundo parece petrificado, suspenso num misterioso estado de destruição imóvel e silenciosa. Sem acesso à civilização, ela precisa aprender a sobreviver em completa solidão, acompanhada apenas por um cachorro chamado Lince, uma vaca que batiza de Bella e uma gata. A certa altura de seu isolamento, põe-se a escrever um “relato” — o próprio romance que lemos — no qual narra o abandono gradual de sua identidade social, e particularmente da ideia de feminilidade que a sociedade lhe impunha. “A narradora de Haushofer passa grande parte do romance se despindo de s...

Considerações em torno do Auto da Compadecida

Imagem
Por Pedro Fernandes Ariano Suassuna durante as filmagens da primeira versão de sua peça Auto da Compadecida , em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, 1968. O Auto da Compadecida é um divisor no reconhecimento da obra de Ariano Suassuna (1927-2014). Continuamente encenada, a peça alcançou uma popularidade pouco comum para a literatura brasileira, ainda mais numa seara das mais áridas, o teatro. Um breve levantamento nos mostrará a pouca recorrência de criações neste gênero no campo de destaque em relação a formas como as da prosa e da poesia.   O dramaturgo concebeu este trabalho em setembro 1955, quando já havia escrito outras peças, como Cantam as harpas de Sião (1948), Os homens de barro (1949), Auto de João da Cruz (1950) e O arco desolado (1952). Este primeiro conjunto do seu teatro aponta para o modelo armorial e como tal se situa entre o épico e o narrativo seguindo as feições das expressões das formas antigas eruditas ou populares.   O próprio Ariano Suassuna assim...