A necessidade da imagem. Entrevista com Susan Sontag
Por Arcadi Espada Susan Sontag. Foto: John Dolan. O fato de um livro sobre fotografia e dor não ter alusão ao gulag é significativo. O que você quer dizer? Bem, isso corrobora com a hipótese de que o gulag não penetrou na consciência contemporânea da mesma forma que teria feito se houvesse fotografias da tragédia. Eu já disse a mesma coisa muitas vezes. Sim, claro. É por isso que eu lembro você. Está no livro. O gulag está no livro. Não me lembro. Está lá mesmo que você não o veja. Quando digo que nos lembramos e nos preocupamos com o que foi fotografado, fica evidente que o primeiro pensamento dessas linhas alude ao gulag. E tenho dito e escrito repetidamente que uma das razões pelas quais demorou tanto tempo para as pessoas virem e compreenderem todo o horror do sistema soviético foi a ausência de documentação fotográfica. É evidente que, quando digo que as fotografias identificam, também quero dizer o contrário: quando nã...