Antonin Artaud e o “Bluff surrealista”
Por Ricardo Echávarri Antonin Artaud. Foto: Man Ray. Quando for reescrita a história do Surrealismo — a vanguarda mais ousada e transcendente do século XX —, na sua parábola, deverão ser apontados os seus Hileg ou pontos axiais, de que falava Paracelso: aquelas adesões entusiásticas ou despedidas abruptas ao único ismo (herdeiro do “sol negro” do Romantismo) que se postulou como algo além do mero campo artístico, e levantou a bandeira da poesia, do amor e da liberdade, quase como uma nova concepção de vida. Antonin Artaud ingressou no Círculo Surrealista em 1924, tendo acabado de publicar seu livro de poemas Tric Trac du Ciel . Dirigiu a Oficina de Pesquisa Surrealista e criou o Teatro Alfred Jarry, em homenagem ao inventor da Patafísica (ou “ciência das soluções imaginárias”) e grande inovador cênico. A passagem de Artaud pelo Círculo, apesar de brilhante, foi suficiente para delinear uma era civilizacional baseada no surrealismo: uma nova ordem passional que recuperaria para o hom