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Mostrando postagens de novembro 4, 2024

Baumgartner, de Paul Auster

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Por Henrique Ruy S. Santos Paul Auster. Foto: Kate Orne   O jovem György Lukács, num dos mais belos ensaios de A alma e as formas , afirma que “o gesto é o salto por meio do qual a alma avança de um para o outro, trocando os fatos sempre relativos da realidade pela eterna certeza das formas. O gesto, para dizer numa palavra, é aquele único salto por meio do qual o absoluto se faz possível na vida” (Lukács, 2017, p. 66).   Pode-se dizer que Baumgartner , último romance de Paul Auster — que faleceu em 30 de abril de 2024 —, publicado no Brasil pela Companhia das Letras com tradução de Jorio Dauster, é a história do esboço de um gesto ou talvez o esboço da história de um gesto. É a história de uma tentativa de criar as formas necessárias para se chegar a uma compreensão do outro e a uma compreensão de si mesmo sem o outro. Nesse contexto, os principais defeitos do livro — sua falta de coesão estrutural, sua insossa errância narrativa, sua indecisão quanto ao que fazer dos temas com que li