Um romance russo, de Emmanuel Carrère
Por Gabriella Kelmer Emmanuel Carrère. Foto: Franck Ferville A autobiografia não ocupa tão comumente minhas reflexões sobre a literatura. Talvez a evitação seja por um apego à ficção no seu sentido mais restrito, ou ainda um desejo de evitar o confronto com a escorregadia classificação do que é literário; fato é que, se há romances e novelas autobiográficas que li com prazer, há ainda um caminho considerável para que eu possa discutir as questões teóricas ensejadas pela autobiografia com qualquer propriedade. Essa lacuna, o interesse em remediá-la ligeiramente que seja, foi o primeiro ponto que trouxe às minhas mãos Um romance russo , de Emmanuel Carrère, autor cujo nome, e até então apenas isto, não me era estranho. O fator segundo consistiu em um desejo de ler algo novo, de um escritor com o qual não tinha familiaridade, sendo enfim essa novidade um dos traços mais atrativos para mim na produção dessas resenhas. A versão da Alfaguara, que ocupa agora um espaço na estante na mi