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Mostrando postagens de outubro 22, 2024

Rulfo, Miyazaki, a morte

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Por Henrique Ruy S. Santos Abraham Matias. Ilustração para Pedro Páramo . No romance Pedro Páramo , de Juan Rulfo, Juan Preciado caminha por Comala, a terra natal de sua mãe, sem aparentemente travar contato com nenhum habitante vivo: ruas vazias, casas derruídas, murmúrios que ecoam pelas paredes. Em A viagem de Chihiro , filme de Hayao Miyazaki, Chihiro se desgarra dos pais e perambula por ruas igualmente vazias, mas que guardam algo de familiar e reconhecível: restaurantes desocupados, fumaça expelida por uma chaminé, um trem que passa com velocidade. É a um certo tipo de morte que ambos caminham, o que se torna logo reconhecível pelo acúmulo de rastros e índices da transmutação da realidade sensível em um mundo de espectros, de fantasmagorias.   Chihiro continua a caminhar até que um garoto desconhecido surge e lhe adverte que é preciso sair dali, pois a noite se avizinha. “É que aqui, essas horas são cheias de assombrações. Se o senhor visse a multidão de almas que andam soltas pe