Kafka, o uruguaio
Por Alejandro Zambra Mario Levrero . Ramiro Alonso. Certa vez Mario Levrero definiu sua obra como uma tentativa de traduzir Kafka para o espanhol. Especialmente em seus começos esta influência é importante, e há também passagens em seus últimos livros que lembram o Kafka dos Diários , mas creio que, por assim dizer, Levrero era muito mais uruguaio que kafkiano. Gosto de pensar que a tradução fracassou e que, graças a esse fracasso, Levrero acabou escrevendo uma obra pessoalíssima que ao longo dos anos encontrou seus leitores, não sei se numerosos, mas certamente bastante fiéis. Também gosto do desconcerto provocado por O romance luminoso . Ainda há críticos que advertem “isso não é um romance”, como se sentissem obrigados a informar sobre o limite de garantia estatal para depósitos. Ademais, o próprio Levrero disse nas primeiras páginas do livro: “Um romance, atualmente, é qualquer coisa que se coloque entre capa e contracapa.” Levrero se mostra desejoso ou então resignado a escrev