Os sons acariciadores
Por Benjamín Barajas Literatura e música estão ligadas desde a gênese de ambas as expressões artísticas. O teatro grego era acompanhado de cantos e instrumentos musicais em suas apresentações, e a poesia era inseparável da arte de Apolo nos recitais e banquetes da aristocracia ateniense; na verdade, o gênero da poesia lírica só era compreendido através do acompanhamento da lira. Aristóteles considerava que o centro de gravidade da épica, do teatro e da poesia ditirâmbica era a poiesis ou criação e estas artes visavam representar as imitações da natureza e dos homens, através da ação, enquanto a música reproduzia o ritmo, a melodia e a harmonia e, sendo uma expressão das paixões, servia para moldar o humor das pessoas. Aristóteles não desenvolveu uma teoria da música, mas valorizou a sua utilidade; na Política recomenda-a para entreter, distender as tensões e purificar a alma dos ouvintes. A reflexão sobre as qualidades artísticas intensifica-se durante o movimento iluminista d