Dorian Gray: a representação do sujeito contemporâneo
Por Herasmo Braga Carly A F. Dorian Gray . Sem ser generalista ou peremptório, mas o reconhecemos que um dos traços fundamentais, marcadores dos grandes textos literários se encontra na perenidade e na constante atualização da obra diante de diversos contextos da contemporaneidade. Esses aspectos se fazem presentes, por exemplo, em O retrato de Dorian Gray , de Oscar Wilde. Impressiona como a leitura do sujeito, ao tempo da escrita, final do século XIX, diz muito do sujeito do século XXI. E isso não apenas nos defeitos e dilemas, mas sobretudo no modus pensandi que perpetua na contemporaneidade. O ser hodierno de Dorian expressa deveras o da atualidade. Ao se remeter ao diálogo traçado em um momento do romance entre Dorian e o Lord Henry, enuncia-se o sentimento típico de hoje: “‘Ser bom é estar em harmonia com o nosso eu’”, ele respondeu, tocando a haste fina de seu copo com os dedos pálidos, pontudos. ‘A discórdia é sermos forçados a estar em harmonia com outros. A nossa própria