A velhice de ouro de Akira Kurosawa
Por Emilio de Gorgot Que um diretor de cinema consiga continuar fazendo filmes durante a sua velhice é sempre bastante incomum, mas que os seus últimos anos sejam precisamente os mais revolucionários da sua carreira, a ponto de o fazer reconsiderar o peso de todo o seu legado artístico, é algo que provavelmente só aconteceu com Akira Kurosawa, o maior diretor japonês de todos os tempos. E no início dos anos setenta Kurosawa parecia condenado à aposentadoria. Tal como acontecia com Alfred Hitchcock ou Billy Wilder na mesma época, a indústria parecia ter perdido o interesse no seu trabalho. Seu declínio profissional o levou até a tentar o suicídio. Quando seu futuro no cinema parecia acabado, um resgate providencial chegou do lugar mais inesperado: a União Soviética. Os russos ofereceram-lhe a possibilidade de dirigir uma nova obra com a qual o gênio japonês não só conseguiu recuperar sua posição de prestígio no mundo do cinema, mas também marcou o início de uma gloriosa última fase em q