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Sara Gallardo: uma língua a meio caminho

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Por Diego Di Vincenzo Sara Gallardo. Arquivo revista Anfíbia . Pouco depois de começar a ler Eisejuaz (1971), o quarto romance da escritora argentina Sara Gallardo, sucede a experiência de uma leitura no abismo, porque, fragmentada na dicção de seus personagens, aparentemente incoerente, ancorada numa forma estranha de construir as frases, entrecortada, repetitiva, mas fascinante.   “Que livro estranho e belo você concebeu! Não imagino como isso lhe ocorreu, nem como você se atreveu a empreendê-lo. Que audácia!”, escreveu Manuel Mujica Láinez, amigo da escritora e especialista em ousadias linguísticas. E isso pela cadência que possui essas abduções da linguagem comum, principalmente na forma de organização das frases. Réplicas de diálogo que prosperam na direção invertida, na sugestão, na incompletude. Uma linguagem a meio caminho, que não se diz tudo, como se desfizesse convenções e outras formas de hierarquia e controle linguístico.   Eisejuaz é o nome sagrado pelo qual Lisandro Ve