Um exórdio em Decameron
Por Eduardo Galeno Maestro di Jean Mansel. Gerbino embarca no navio da filha do rei de Túnis. Ente Nazionale Giovanni Boccaccio. * O exórdio é o pulo apresentador, demonstrativo, antecipando o corpo de uma enunciação. E estou certo de que ele, se não fosse pela adesão corriqueira das escritas modernistas pela dinamite-signo — que tem seu poder armado naquela querela de negação —, passaria perto do que formulamos hoje como ‘normal’ nas poéticas (ao menos em vias originalmente comuns). É nítido, porém, que o exórdio, em matéria aristotélica, é muito mais retórico, exibido no para-além da literatura, que qualquer outro ponto. Apesar disso, nós — que ficamos habituados à introdução — temos em mão vários e vários exemplos de práticas letradas que usaram e abusaram desse ornamento. Desde a entrada de Homero na boca de Ulisses à saída de Camus na loucura de Mersault, esses movimentos se declararam na clareira do dia. Não seria diferente em Boccaccio. Persistência, quase no fim do tempo me