Borges, simetrias e leves anacronismos
Por Cristian Vázquez 1 Como começar um novo artigo sobre Borges? O que mais se pode dizer de um escritor sobre o qual foram escritas bibliotecas inteiras, apenas sobre ele, que sempre imaginou que o paraíso em forma de biblioteca? “A realidade gosta das simetrias e dos leves anacronismos”, diz o narrador de “O Sul”, o conto que Borges mais gostava entre todos que escreveu. Em outra passagem, o autor arriscou que “ao destino agradam as repetições, as variantes, as simetrias”. Esta última citação corresponde ao brevíssimo texto intitulado “A trama”, de O fazedor , o mais “pessoal” de seus livros, conforme declara no epílogo. Pois bem, brinquemos com as simetrias e os leves anacronismos: Borges publicou esse livro em 1960, quando tinha pouco mais de sessenta anos, há quase sessenta anos. Falemos do mais pessoal de seus livros, falemos de O fazedor . 2 O fazedor é um livro especial em vários aspectos. Provavelmente se deve, em grande parte, ao fato de ser o primeiro livro que Borge