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A amizade e a admiração como guias para a caminhada

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Por Matías Serra Bradford Yves Bonnefoy. Foto: Eric Garault. Algumas coincidências entre autor e leitor contribuem para uma melhor aproximação, mas são sempre condições insuficientes para garantir um encontro perfeito. O par formado por Charles Baudelaire e seu leitor Yves Bonnefoy é ideal em suas afinidades e contrastes. Ambos foram sujeitos de uma mesma língua, e foram poetas e prosadores, críticos de arte e tradutores (também do mesmo idioma, o inglês). Mas, exceto por um certo sentido do divino na presença de paisagens e pinturas, não poderia haver mais diferenças de temperamento entre os dois.   Basta como exemplo a inclinação disruptiva de Baudelaire e a predisposição conciliatória de Bonnefoy, com a sua confessada aversão ao rompimento de amizades. De qualquer forma, ele é um poeta notável e suas repetidas visitas à obra de Baudelaire remetem a um provérbio turco: “Quando um machado apareceu pela primeira vez na floresta, as árvores disseram: ‘Pelo menos o cabo é um dos nossos’”