À que veio de Marte
Por Eduardo Galeno Simone Weil. Foto: Babelio (detalhe). *** Tudo ou nada . Virgem vermelha, Simone Weil parece ter sido refém desse slogan. Não apenas refém, mas uma verdadeira conspiradora. Simone pareceu, também, uma caixinha, um lugar em que todo o universo cabia, todas as estrelas, todos os planetas e toda a magia das matérias e dos vazios. Tudo ou nada . Tudo ao mundo e nada a ela; tudo a ela e nada ao mundo. Quem apostaria no corpo dessa judia — pequena, magra, frágil, que sofria de terríveis enxaquecas, de tuberculose e era míope — como espelho do cosmos, desse vasto material que “nada mais é do que uma grande metáfora”?¹ Quem sabe, essas palavras sejam concedidas a, igualmente, seu corpo… pequeno, mas grande… grande metáfora. A característica da experiência de Weil nos diz que chegar ao mundo não é nada fácil quando a disposição resulta entre olhar e comer. Olhar e… e… e… comer. Duas coisas que são tão fáceis, mas para ela, vinda de Marte, não eram. Não eram. O horrível