Edna O’Brien, quando a paisagem é um tapete embaixo do qual escondemos a dor da memória
Por Ricardo Martínez Llorca Edna O'Brien. Foto: Mark Gerson Depois dos dinossauros, veio a inquisição, que continua a queimar livros em público. Na Irlanda de Edna O’Brien, o que aconteceu foi o mesmo que nos territórios que são extensões sem lei, cuja ordem é imposta pelo rigor do músculo, geralmente a serviço do excesso de álcool e de algum padre desalmado. Porque para deixar de amar as criaturas que fazem parte da sua tribo é preciso ter perdido a alma. E a bondade é substituída por regras rígidas. O padre fanático e o bêbado coincidem porque ambos estão aferrados a paredes sem janelas. Além do seu quadrado em forma de confessionário ou da garrafa, não existe nada que valha a pena respeitar. Se forem obrigados a mostrar as pontas dos cílios do outro lado da parede, o ponto a que foi reduzido o seu coração os levará à violência. Nesse caso, o alcoólatra é um pai que baterá na mulher e na filha pequena, e o padre é um tipo tão grotesco a ponto de pensar que, ao mesmo tempo em qu