Seis poemas de Robert Walser
Por Pedro Belo Clara Robert Walser. Foto: Carl Seelig O LONGE Eu queria estar parado, mas o longe chamava; passei por árvores escuras, sob as árvores escuras quis parar um instante, mas o longe chamava; passei por prados verdes e nesses prados verdes eu queria parar, mas o longe chamava; passei por casas pobres, e junto de uma delas eu queria parar, contemplando a pobreza; e enquanto o fumo, calmo, sobe ao céu, o que eu queria era ficar parado, longamente. Ia dizendo isto e ria, e o verde dos prados ria comigo, e o fumo ia subindo, sorridente, mas o longe chamava. FORA DO MUNDO Faço o meu caminho a sós, leva-me longe, bem fundo; depois, sem um som, sem voz, estou só e fora do mundo. FILOSOFIA A MAIS Sempre a subir e a descer, levo uma vida assombrada. Chamo por mim sem parar e fujo dessa chamada. Vejo-me em poses de riso, depois em tristeza funda, como um orador sem siso; e tudo isso se afunda. Em minha vida, quero crer, nunca nada fez sentido. Eu nasci para me per