Os contos escondidos de Julio Ramón Ribeyro em seu arquivo de Paris
Por Renzo Gómez Vega Julio Ramón Ribeyro em seu escritório de Paris, 1980. Foto: Jorge Deustua. Vasculhar a gaveta de um escritor já falecido é perscrutar a intimidade de um criador. Entrar num universo de dúvidas, ousadias e frustrações de quem travou inúmeras batalhas com uma página em branco para escapar do esquecimento. É, acima de tudo, explorar um olhar sobre a vida e testemunhar em primeira mão o milagre do nascimento da literatura. Depois de se enraizar na Europa, Julio Ramón Ribeyro, o contista mais importante da literatura do Peru, morreu em Lima, aos 65 anos, no leito de um hospital oncológico, em dezembro de 1994, justamente quando começava a ser reconhecido. Partiu antes da chegada dos primeiros raios do sol de verão e algumas semanas depois de receber o Prêmio Juan Rulfo, reconhecimento que fez com que o seu nome transcendesse os círculos literários menores e ressoasse internacionalmente. Desde então, sua comunidade de leitores — que eventualmente se tornaram devotos