Francesco Petrarca e o cobertor de Boccaccio
Por Mario Colleoni Francesco Petrarca. Pintor anônimo. Acervo Castelo de Ambras, Áustria. Cinquenta anos depois do nascimento do florim de ouro, moeda com a qual a Europa primeiro sonhou imaginar o seu nome, viveu em Florença um famoso notário chamado Pietro di Parenzo, mais tarde conhecido pela contração do seu nome, Ser Petracco. A sua profissão, determinada no seu caso por razões hereditárias (o pai e o avô também eram advogados), estava ligada à usura e carregava o peso da suspeita. Embora trouxesse grandes benefícios, era considerado um exercício pouco piedoso. Logo, um ou dois anos depois, imersos num clima próspero e agitado como aquela Florença do Trecento, meio política, meio comercial, meio artesanal, os frequentes confrontos entre guelfos (apoiadores da primazia do poder espiritual do papa) e os gibelinos (defensores do poder temporal do imperador) forçaram Ser Petracco a procurar abrigo em Aretino sob o signo de um indigno exílio político. Foi no calor daquelas faias,