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Mostrando postagens de julho 11, 2024

A festa, de Ivan Ângelo

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Por Henrique Ruy S. Santos As coisas mais terríveis são aquelas que nos escapam. — Georges Bataille 1     Muitos anos depois, Beckett diria que até as palavras nos abandonam e que com isso tudo está dito. — Enrique Vila-Matas 2   Ivan Ângelo. Foto: Renato Parada   Quando o autoritarismo está à vontade, e o cerceamento de direitos impera; quando o assalto à dignidade é a regra, e as anomalias políticas são a normalidade; quando a técnica está a serviço da tortura e da violação física e psicológica, e as ferramentas da modernidade são vassalas da gestão da morte. Quando tudo isso faz parte do cotidiano, por que fazer literatura? Assediados pela realidade, é o momento em que os autores engajados se perguntam: “de que vale o que escrevo se meus semelhantes morrem das formas mais cruéis todos os dias?” Surgem em profusão artistas que ecoam a perplexidade de Adorno, que se perguntava diante da brutalidade nazista: “a poesia é possível depois de Auschwitz?”   Mas a literatura, como necessidad