A rainha dos cárceres da Grécia, de Osman Lins
Por Gabriella Kelmer Osman Lins publicou seu último romance em 1976. A obra, que sucede sua narrativa de maior sucesso e consequência crítica, Avalovara , de 1973, consiste em ainda outro passo da exploratória trajetória do autor frente a sua arte, a partir da proposição de um robusto nível de reflexão quanto ao desenvolvimento da produção literária. A rainha dos cárceres da Grécia , título deste derradeiro romance, atua em dois níveis narrativos simultâneos. O primeiro corresponde à narrativa externa, cujo argumento se pode atribuir à pregressa relação entre um professor de Biologia, narrador, e sua amante Julia Marquezim Enone, já falecida. A mediação entre os dois ocorre, na obra, a partir da busca do primeiro por ocupar as horas ociosas e fixar algo da imagem fugidia da mulher perdida. Por isso, como alternativa que reconhece como mais proveitosa a si e aos eventuais leitores de sua escrita, evita a descrição da existência daquela e lança-se na leitura analítica de um manuscrito