Cemitério dos sonhos
Por Renildo Rene Paulina Chiziane. Foto: Nuno Ferreira Santos Há de se esperar que a arte do romance africano, desenvolvida vertiginosamente durante a segunda metade do século XXI, toque em alguns pontos-chaves do colonialismo. Se tratando de Moçambique, o país é outro que sofreu dos agouros dessa experiência e dos desastres marcados do avanço da guerra civil. Começamos a entender, pois, toda a complexidade e ambivalência residentes nas relações desse passado sendo abraçados por narrativas mais elásticas na sua escrita (com uma forma linguística apegada às tradições), e um modo de afirmação nacional obstinado a depurar todo trauma e destruição causados naquela terra. Não tomemos isso como regra de identificação, mas talvez seja um ponto de interseção muito interessante para se aventurar nessa literatura. Ora, sabemos que tanto a escrita como a leitura de livros — elemento indispensável na formação de bons escritores — se estabeleceu em muitos desses países sempre por mediação exter