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Borges e Paracelso

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Por Roberto Bolaño Carlos Estévez, La Rosa de Paracelso (2009)   Como todos os homens, como todas as coisas vivas da Terra, Borges é inesgotável. Em um de seus livros menos conhecidos, A memória de Shakespeare (1983), um pequeno conjunto de quatro contos, três deles aparecidos anteriormente em outras publicações, mas em um novo, o que dá título ao volume, o leitor pode encontrar e ler ou reler “A rosa de Paracelso”, um texto muito simples, transparente, onde se narra a visita que recebe Paracelso de um homem que deseja ser seu discípulo. Isso é tudo do conto.   Ele, nem é preciso dizer, é mostrado com um certo langor que corresponde à época; a visita do desconhecido ocorre quando a tarde começa a cair e Paracelso está cansado e a lareira queima um fogo minguado. Então cai a noite e Paracelso, que está cochilando, ouve alguém batendo à sua porta. Entra um estranho que deseja ser seu discípulo.   As primeiras linhas da história são estas: “Em sua oficina, que abarcava os dois cômodos d