Kafka: literatura e prostituição
Por Carlos Mayoral Com data entre 1906-1908, Franz Kafka e a camareira Hansi Julie Szokoll, uma das suas prostitutas. Franz Kafka já tinha percebido que o século XX estava acordando transformado num inseto monstruoso, quando o resto de nós ainda estava determinado a polir as desgastadas poltronas romanescas do século XIX. Porque o eco dessas vozes encarregadas, durante anos, de fazer da prosa a rainha de todos os intelectos já naquela altura repercutia nas paredes da Shakespeare & Co, conduzindo a um novo modelo de romance que, através dos James Joyce, dos Proust ou dos Faulkner, misturava no mesmo coquetel a metafísica alemã, o monologue intérieur , a durée bergsoniana e sabe-se lá quantos outros recursos a meio caminho entre o cult e o brega. Como num passe de mágica, se multiplicavam os pesados e inacess í veis volumes. Os artistas de vanguarda europeus estavam determinados a real ç ar a qualidade destas cria çõ es, embora muito poucos se preocupassem em apurar até o ú lt