Lia, de Caetano Galindo
Por Gabriella Kelmer Caetano Galindo. Foto: Leticia Moreira Existe algo curioso nas estreias literárias. Fui recentemente atraída por elas em resenhas anteriores, com O dia dos prodígios , de Lídia Jorge, e Memória de elefante , de António Lobo Antunes. Nas duas obras, em que estão registrados os primeiros movimentos de autores fundamentais à produção contemporânea portuguesa, demarcam-se proclividades estilísticas e temáticas que serviram às produções seguintes. Pessoalmente, a essencialidade da dicção da autora ainda reside para mim em Vilamaninhos, cuja nítida decrepitude entristecida não me foi sombreada por obras posteriores; de outro modo, o romance do autor antecipa em alguns aspectos a cúspide que, considero, é atingida em romances seguintes. Faço essas considerações não para opor as duas estreias, aliás excepcionais, cada uma a seu modo, mas para balizar as diferentes maneiras pelas quais uma primeira publicação pavimenta alternativas, preocupações e recursos que, por veze