Luiz Gama e a força da poesia satírica brasileira e do ser negro
Por Herasmo Braga Dedicado ao poeta Élio Ferreira Uma das características da literatura tida como negra não se refere exclusivamente às questões epidérmicas. A concepção literária de negritude está associada principalmente ao fator identitário de um sujeito que se propõe a deixar de ser um objeto e passa a atuar no meio, buscando consolidar-se enquanto peça importante na formação social. Portanto, um autor, para fazer parte de um segmento literário tido como negro, deve assumir seus referenciais constituídos pelas condições do ser negro em uma sociedade marcada pela exclusão. Assim, a construção e a assunção de uma identidade são um dos pilares deste marco da negritude. No caso da literatura, esse aspecto se reflete no eu-enunciador que se quer e se reconhece como negro. Com essas observações iniciais, percebemos o quanto é essencial este marco identitário. Ser negro em uma sociedade escravista ou pós-escravocrata não corresponde, necessariamente, à ação ou ao pensamento do sentir