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Mostrando postagens de maio 1, 2024

La chimera: o êxtase de Santa Rohrwacher

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Por Alonso Díaz de la Vega   A sequência de créditos finais de La chimera (2023), dirigido pela italiana Alice Rohrwacher, mal começa e aparecem alguns pássaros filmados contra o céu. Aos poucos seus grasnidos e cantos são cercados pelo pop suave e excêntrico de Franco Battiato. Pareceria um detalhe insignificante; normalmente, com os primeiros nomes na tela, as luzes da sala se acendem e o público desaparece. Eu mesmo faço isso, principalmente se não gosto do filme, mas “Gli uccelli” (“Os pássaros”) exige nossa atenção: é o final ideal para um filme que se comporta como a música de Battiato.   O compositor e a diretora são tão sérios quanto brincalhões. A contradição se manifesta na capa de La voce del padrone , álbum que contém “Gli uccelli”: vemos Battiato de paletó e gravata na praia; por baixo da calça jeans, um pé calça uma sandália e o outro um sapato. Rohrwacher, por sua vez, realiza filmes que sugerem simultaneamente as caricaturas carnavalescas de Federico Fellini e o mistic