Jorge Semprún. A ilusão lírica
Por José Andrés Rojo Jorge Semprún. Foto: Frederic Maligne. A vida de Jorge Semprún é uma espécie de compêndio do que foi o século XX, ou melhor, do que a esquerda quis ser no século XX, das suas idas e vindas, dos seus projetos e fracassos. Mas nunca como ideia, ou não apenas como ideia, e sim como vida. Semprún encarna a história da esquerda, torna-a viva, real. Quando se trata de sua trajetória não importam tanto o laboratório de ideias ou o peso das organizações que, sim, também importam: o que vem à tona é a peripécia. A ação. Ele tem cerca de vinte anos quando participa da Resistência contra os nazistas na França, vai parar em Buchenwald e consegue sobreviver ao pesadelo do campo de concentração. Depois é Federico Sánchez, o revolucionário profissional que arrisca a vida na Espanha de Franco para combater a ditadura, aquele que organiza as células comunistas, que trabalha na clandestinidade, sempre à beira de ser apanhado pela polícia e ser jogado na prisão, e com pouco mai