A internet admite um crítico literário?
Por Guilherme França Ilustração: Nate Kitch A afirmação de que as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis , feita por Umberto Eco alguns anos atrás, repercutiu de diferentes formas, como não poderia deixar de ser. De um lado, aqueles que enxergavam um exagero ou mesmo um conteúdo “antidemocrático” na fala do intelectual, ressaltando as benesses do universo digital, em que vozes antes ignoradas podiam se manifestar; em sentido contrário, houve os que concordaram expressamente com a frase, destacando o prejuízo advindo dessa “democracia digital”, em que qualquer pessoa pode comentar até mesmo sobre aquele tema que jamais realizou sequer um estudo mínimo. O debate se mostra cada vez mais atual e interessante, ainda mais com o avanço das ferramentas virtuais disponíveis, e pode ser aplicado à crítica literária — numa investigação sobre a forma pela qual essa é exercida atualmente. Se décadas atrás os comentários a respeito da literatura ficavam restritos às colunas dos jornais