Coelho maldito, de Bora Chung
Por Sérgio Linard Bora Chung. Foto: Hye-young. Talvez seja desnecessário reafirmar o fato de que grande parte do que se produz na literatura sul-coreana merece nossa detida atenção. Obviamente que como todos os materiais culturais que recebem farta ampliação de investimentos e de divulgações, a saturação, a produção de “enlatados” e a afirmação de ditames meramente declaratórios acabam sendo valas comuns em que os excessos acabam caindo. Este não é, sobremaneira, o caso de Coelho maldito . O livro de contos, publicado originalmente em 2017, chega ao Brasil trazendo, pela primeira vez, a autora para os leitores deste lado do Atlântico. Destaco, desde já, ser este um caso de leitura bastante recomendada, seja por sua qualidade de condução narrativa seja por sua abordagem de temáticas com primorosas ousadia e coragem já comuns — é verdade — em muitas produções literárias orientais. Normalmente, a elaboração de contos exige, por parte do autor, um poder de concisão e de construção de