Bibliotecas
Por Alejandro Zambra Arte: Erika Lee Sears. Conheci a biblioteca de meu amigo Álvaro há cinco anos — e foi decepcionante, pois estava cheia de livro ruins. Naquela época falávamos quase exclusivamente de livros e nossas conversas tinham esse encanto do provisório, do incompleto. Não era necessário ir demasiado longe para nos entendermos: dizíamos que um romance era bom ou tedioso, mas não elaborávamos os juízos, simplesmente desfrutávamos da cumplicidade. Pensava encontrar nas estantes de sua casa livros que eu também amava, ou os nomes desconhecidos de uns escritores surpreendentes, e em vez disso deparei-me com os mesmíssimos autores que conhecia e que bem pouco me interessavam. Não que houvesse realmente inspecionado a biblioteca — isso nunca me pareceu algo de bom tom. Por certo, o fato de os livros estarem na sala de estar nos autoriza a olhá-los, mas é melhor começar de esguelha, com prudência, sem ansiedade. Duas semanas depois, Álvaro me convidou novamente, e desta vez me