Cinco poemas de “O Falcão à Chuva”, de Ted Hughes
Por Pedro Belo Clara Ted Hughes. Foto: Jane Brown O FALCÃO À CHUVA Afogo-me nas terras de cultivo, a chuva nelas martelando, Elevo os passos da terrena boca que me engole, Do barro que me prende até ao tornozelo Ao jeito dum túmulo obstinado, mas o falcão Sem esforço nas alturas fixa o olhar sereno. As suas asas amparam toda a criação numa quietude sem peso, Firme como alucinação no ar que voga. Enquanto o vento golpeante mata as sebes persistentes, As rajadas como polegares contra os meus olhos, cortando a respiração, desordenando [o coração, E a chuva macera a minha cabeça até ao osso, o falcão permanece, Uma força de vontade dura como diamante, qual estrela polar Guiando a resistência do náufrago: e eu, Sangrando, puxado, atordoado, esperando os instantes finais, Um mero pedaço sobre esta boca terrena, persistindo na direcção do mestre, Fulcro da violência onde o falcão sereno permanece. Talvez, a seu tempo, encontre-se com uma intempérie Vinda da direc