De quanta terra precisa um homem?
Por Guilherme França Iliá Répin. Tolstói em um campo arado, 1887 Que a literatura seja o método mais fidedigno de retratar — e quiçá compreender — a essência humana, não é novidade para mim e para tantos outros, embora a afirmação contenha, de fato, pequena margem de subjetividade. Além de retratar e problematizar aspectos cruciais de nosso agir enquanto indivíduos, não raro a literatura amplia o seu raio de incidência e faz o mesmo diante de questões sociais, políticas, religiosas etc. E escritores como Liev Tolstói fazem com que, por vezes, todos esses elementos estejam em uma mesma obra. De outro lado, embora enredos como os de Guerra e Paz ou Anna Kariênina demonstrem com facilidade a lógica desse argumento, como disse em meu texto sobre Tchekhov, o bom escritor deve saber causar impacto em seu leitor mesmo com um texto curto. E o conto “De quanta terra precisa um homem?”, escrito por Tolstói e publicado pela primeira vez em 1886, nos mostra, mais uma vez, que isso é bem pos