Por Pedro Belo Clara
(Seleção e versões)*
I.
Pássaros vagabundos do verão vêm à minha janela cantar e para longe voar.
Folhas de outono amarelecidas, que não conhecem canção, agitam-se e tombam com um suspiro.
II.
Oh, trupe de pequenos vadios do mundo, deixai em minhas palavras as vossas pegadas.
III.
São as lágrimas da terra que mantêm em flor os sorrisos da terra.
IV.
Se derramares lágrimas por sentires falta do sol, perderás o brilho das estrelas.
V.
Aquilo que és não poderás ver, o que vês é a tua sombra.
VI.
Lançam as suas sombras adiante, aqueles que carregam a lamparina em suas costas.
VII.
O Homem é uma criança que nasceu, o seu poder é o poder do crescimento.
VIII.
A luz que brinca, como uma criança nua, no meio das folhas verdes, alegre desconhece que o homem pode mentir.
IX.
Lamenta a sorte do pavão, o pardal, pelo fardo da sua cauda.
X.
“Perdi a minha gota de orvalho”, chora a flor ao céu da manhã – ele que perdeu todas as suas estrelas.
XI.
“Não consigo guardar as tuas ondas”, diz a margem ao rio.
“Deixa que guarde as tuas pegadas em meu coração.”
XII.
“Como poderei cantar-te e adorar-te, ó Sol?”, perguntou a pequena flor.
“Pelo silêncio simples da tua pureza”, respondeu o sol.
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Em janeiro de 2022, esta seção trouxe outros poemas e um resumo biográfico de Rabindranath Tagore.
* As versões são a partir do original Stray Birds (Oxford, Benediction Classics, 2012).
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