Boletim Letras 360º #616
Augusto de Campos. Foto: Daniel Prata |
A obra reunida e ampliada de um dos fundadores da poesia concreta.
Autor de poemas emblemáticos como “beba coca cola”, “LIFE” e “O lobisomem”, Décio Pignatari se consagrou como uma das vozes mais inventivas, irreverentes e inquietas da cultura brasileira. Seu pensamento se desdobra em múltiplas formas, seja na poesia, nas traduções, nos ensaios críticos ou nas experimentações visuais e vocais. Poesia pois é poesia ― a reunião da obra poética de Décio Pignatari, tal como organizada pelo próprio poeta ― começa com Carrossel (1950), sua estreia em livro, e segue até poemas esparsos escritos no início dos anos 2000. O volume inclui traduções, poemas publicados nas revistas Noigandres e Invenção, além de uma adenda com obras que ainda não constavam da última edição: “Noosfera” e “Oswald psicografado por Signatari”. Augusto de Campos assina a capa e o prefácio do volume, além de supervisionar o projeto editorial em parceria com André Vallias, responsável pelo projeto gráfico. Publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
Antologia oferece uma amostra
da obra de Umberto Saba (1883-1957), um dos grandes poetas do Novecento
italiano, ao lado de Ungaretti, Montale e Quasimodo.
Umberto Saba é autor de uma obra
variada, tendo publicado poemas, ensaios, prosa de ficção e um romance
incompleto, mantendo a coerência em suas convicções poéticas ao longo de sua
produção criativa, conforme destaca Andréia Guerini no prefácio do volume de Poesias,
agora publicado pela Edusp. Selecionada e traduzida por Geraldo Holanda
Cavalcanti, a antologia fornece uma amostra representativa do conjunto da obra do
criador italiano. A seleção contempla poemas de todas as fases do poeta
triestino, considerando a ordem de preferência do tradutor e a recolha feita
por Saba em 1951 e só publicada postumamente. Os poemas são apresentados em
ordem cronológica e em formato bilíngue. Você pode comprar o livro aqui.
Um romance que explora o
multiverso da opressão no mundo industrial em curso.
A Fábrica é enorme, um cinza que
se estende a perder de vista. Em tudo se parece com uma cidade: tem
supermercados, agências de viagens, postos de combustível, conjuntos
habitacionais e até mesmo pontes. Todos os dias, veículos com a sua logomarca
circulam pelas redondezas, e os moradores da região não conseguem escapar a
essa incessante influência: há sempre alguém que já trabalhou ali, e os pais ciosos
da educação dos filhos procuram convencê-los a percorrer o mesmo caminho,
imaginando o futuro brilhante que encontrariam na empresa. Para a jovem
Yoshiko, recém-saída da universidade, ser contratada pela Fábrica representa a
realização de um sonho, e pouco importa que o trabalho seja pago por hora,
tenha prazo determinado e envolva uma única tarefa: operar uma trituradora de
documentos. Já para o especialista em musgos Yoshio, o salto de qualidade é
evidente: de pesquisador temporário em uma universidade de província a
funcionário efetivo na famosa empresa onde, segundo seu professor, desejam
ingressar os melhores acadêmicos do país. Também para Ushiyama o trabalho na
Fábrica é providencial: ele, que trabalhava como engenheiro de sistemas em uma
pequena empresa, passa a atuar como revisor e só precisa lidar com folhas de
papel, canetas e lápis. Três jovens vidas dedicadas a uma liturgia industrial,
ao trabalho fabril, que, como um culto a um deus desconhecido e impiedoso, rege
o tempo de cada um deles. Mas o que a Fábrica realmente produz? O que são esses
animais estranhos que começam a se multiplicar dentro do complexo? E será que
ainda existe um mundo além das suas fronteiras? Com uma escrita imaginativa que
combina o estilo perturbador e surreal de Haruki Murakami com a precisão
satírica de Franz Kafka, Hiroko Oyamada é uma das vozes mais potentes e
singulares da nova ficção japonesa. A Fábrica retrata de maneira
exemplar o ecossistema titânico da vida profissional moderna no qual a
existência humana parece se afundar. Publicação da editora Todavia; tradução de
Jefferson Teixeira. Você pode comprar o livro aqui.
Keigo Higashino é um dos
maiores mestres da literatura policial contemporânea chega ao Brasil com um
romance multiplamente reconhecido pela crítica e pelas principais premiações do
gênero.
Em A devoção do suspeito X,
o autor nos leva por uma trama complexa e emocionante onde a lógica e a paixão
se entrelaçam, estimulando a capacidade de imaginação ao disponibilizar
elementos para que nós mesmos tentemos deduzir a verdade por trás das crenças
dos personagens aos quais temos acesso. Yasuko busca se reconstruir de um
passado abusivo junto com sua filha, Misato, mas um encontro inesperado com o
ex-marido mudará o rumo da vida das duas. Não muito longe, um corpo é
descoberto às margens do antigo rio Edo, em Tóquio, e após uma denúncia a
polícia chega ao local para coletar evidências e dar início à investigação. Mãe
e filha, na tentativa de retornar à normalidade, contarão com a ajuda de um
vizinho, Ishigami, um gênio da matemática, para passarem ilesas pela
investigação policial. A devoção pela vizinha leva Ishigami a arquitetar uma
sequência de passos a serem executados por Yasuko e Misato, mas o que parecia
ser o plano perfeito logo se torna um jogo de gato e rato entre a polícia e os
envolvidos, nos fazendo questionar até que ponto a lealdade e a devoção devem
ser seguidos à risca. Adaptado para filmes e séries, A devoção do suspeito X
é uma das principais obras da série Detetive Galileo de Keigo Higashino.
O romance lhe rendeu diversos prêmios, como o prestigioso Naoki e o de Romance
Policial Autêntico. Em 2012, foi nomeado o melhor romance policial do ano pela
American Library Association. A tradução brasileira é de Shintaro Hayashi e é
publicada pela Editora Estação Liberdade. Você pode comprar o livro aqui.
Um estudo sobre o conceito de promessa.
Você se lembra da última promessa que fez ou que fizeram a você? É assim
que começa este ensaio, no qual Marina Garcés explora o conceito de promessa.
Vivemos em uma sociedade aterrorizada com o futuro, obcecada em prever e
projetar, controlar e planejar. Mas quem hoje se atreve a prometer alguma
coisa? Este livro nos oferece as chaves históricas, filosóficas e literárias do
poder da promessa e de sua fragilidade atual. Prometer, como nos diz a autora,
pode ser uma forma de rebelião que introduza a batalha pelo valor da palavra em
um presente incerto e um futuro ameaçado. Um texto incisivo e cheio de
esperança. Com tradução de Silvia Massimini Felix, O tempo da promessa
sai pela editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
A antologia mais do que pessoal em que Manuel Bandeira reuniu seus
poemas mais representativos, oferecendo aos leitores uma visão íntima de como
ele próprio via sua produção, volta aos leitores.
O livro é uma “sinfonia envolvente", composta por obras criadas em
diferentes momentos de sua carreira, todas marcadas por uma musicalidade única
e uma simplicidade sublime que se tornou marca registrada do poeta
pernambucano. Ao longo de sua trajetória, Bandeira dedicou-se a organizar
antologias de poemas de autores centrais da literatura em língua portuguesa que
são até hoje mencionadas por pesquisadores e leitores em geral. Em 1955, quando
já era um autor renomado, o escritor se lançou ao desafiador exercício de
selecionar um segmento de sua própria obra poética. Reuniu, assim, este
conjunto impactante de versos publicados até aquela data. A nova edição de 50
poemas escolhidos pelo autor não só celebra a maestria de Bandeira em
versos livres e líricos, mas também sua habilidade em transformar cenas
cotidianas em poesia imortal. Para os leitores, especialmente os que ainda não
conhecem a obra completa do “habitante de Pasárgada”, este livro é uma
oportunidade única de explorar as criações de um poeta que soube captar, com
profundidade e sensibilidade, a essência da experiência humana. Você pode comprar o livro aqui.
Nova edição do livro que compila os discursos proferidos por Gabriel García Márquez, incluindo o lido durante a recepção do Prêmio Nobel de Literatura.
Eu não vim fazer um discurso é um complemento indispensável da obra de um dos autores mais queridos dos últimos tempos. Sempre sublime, Gabriel García Márquez esmiúça os próprios discursos e presenteia seus leitores com este livro repleto de sabedoria, lembranças e bom humor, que confere ainda mais brilho à sua genialidade literária. Os textos reunidos no livro reeditado pela Record percorrem praticamente toda a sua vida. Desde o primeiro discurso, elaborado aos 17 anos para se despedir de seus companheiros do ensino médio na cidade colombiana de Zipaquirá, até o proferido por ele no Centro de Convenções de Cartagena ao completar 80 anos, García Márquez mostra-se um encantador de plateias, embora sempre admita não se sentir muito confortável na posição de destaque que o microfone confere a quem o empunha. São textos que nos ajudam a compreender mais profundamente a vida dele e nos revelam suas maiores obsessões como escritor e cidadão: a fervorosa vocação para a literatura, sua polêmica proposta de simplificar a gramática, a paixão pelo jornalismo, os problemas da Colômbia e a lembrança emocionada de amigos escritores como Julio Cortázar e Álvaro Mutis, entre muitos outros. O leitor tem em mãos esta obra indispensável para entender uma das mais importantes produções literárias do último século. Você pode comprar o livro aqui.
Eu não vim fazer um discurso é um complemento indispensável da obra de um dos autores mais queridos dos últimos tempos. Sempre sublime, Gabriel García Márquez esmiúça os próprios discursos e presenteia seus leitores com este livro repleto de sabedoria, lembranças e bom humor, que confere ainda mais brilho à sua genialidade literária. Os textos reunidos no livro reeditado pela Record percorrem praticamente toda a sua vida. Desde o primeiro discurso, elaborado aos 17 anos para se despedir de seus companheiros do ensino médio na cidade colombiana de Zipaquirá, até o proferido por ele no Centro de Convenções de Cartagena ao completar 80 anos, García Márquez mostra-se um encantador de plateias, embora sempre admita não se sentir muito confortável na posição de destaque que o microfone confere a quem o empunha. São textos que nos ajudam a compreender mais profundamente a vida dele e nos revelam suas maiores obsessões como escritor e cidadão: a fervorosa vocação para a literatura, sua polêmica proposta de simplificar a gramática, a paixão pelo jornalismo, os problemas da Colômbia e a lembrança emocionada de amigos escritores como Julio Cortázar e Álvaro Mutis, entre muitos outros. O leitor tem em mãos esta obra indispensável para entender uma das mais importantes produções literárias do último século. Você pode comprar o livro aqui.
OUTRAS NOVIDADES
A obra de Oswald de Andrade cai em domínio público a partir de 2025.
Em 2025 passam-se sete décadas da morte do escritor. Até agora, a obra
completa de um dos pilares da Semana de Arte Moderna de 1922 vinha sendo
reeditada pela Companhia das Letras — um projeto, como muitos da casa, que
entrou em marcha lenta, sem grandes novidades. De 2016 até agora, saíram apenas
nove títulos; o mais recente, Ponta de lança. Em matéria publicada pelo
Estadão, Ubiratan Brasil apurou que até agora nenhuma outra editora se adiantou
em pegar algum título do escritor modernista para seu catálogo, contrariando a
corrida que significou a entrada em domínio público da obra de Graciliano Ramos
neste ano. É da atual casa os poucos projetos para 2025, como uma edição
comemorativa por ocasião do centenário de Pau-Brasil. A Companhia também
aproveita a oportunidade para relançar o conjunto de ensaios de Alexandre
Nodari O meridiano da devoração e a biografia Oswald de Andrade: mau
selvagem, escrita por Lira Neto e à venda desde o início de outubro.
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