O centauro no jardim, de Moacyr Scliar
Por Sérgio Linard Moacyr Scliar. Foto: Roberto Scliar A vida sem a ficção seria insuportável; isso caso cogitar uma vida sem resquícios mínimos de elocubração fosse uma atividade possível ao homem. Em sonhos, em devaneios ou em ideações, temos, todos nós, à nossa medida, alguma forma de ficcionalizar a realidade. Uma maneira de viver. Com base nessa necessidade humana, Moacyr Scliar, em O centauro no Jardim , apresenta um romance que é a exata definição sobre como seria intragável a passagem humana na existência sem que essa fabulação em potencial, além do círculo comum repetitivo das coisas e dos meios, fosse não só uma possibilidade, mas uma maneira intrínseca de se ser no mundo . Para atingir esse objetivo, o autor coloca-se como crítico da própria história que escreveu, mostrando que o que a faz ser especial é somente a presença daquilo que pode ser dito como “inútil” ou “dispensável”, dada a não objetividade material esperada para os elementos e os acontecimentos da vida moderna